Crónica de um Governo de Passagem (12)

Navegando à bolina

(Continuação de 11)

O povo parece preferir um primeiro-ministro «rural» a um primeiro-ministro «oriental»

Foi assim que S. Exª classificou o Dr. Montenegro e o Dr. Costa, respectivamente, durante os seus delírios megalómanos com os jornalistas estrangeiros. Não ficámos a saber se S. Ex.ª entre os dois tem alguma preferência. Já quanto à preferência do povinho, se acreditarmos nos estudos de opinião, parece haver menos dúvidas, por agora.

O Dr. Montenegro que se cuide porque o povo é volúvel e as nuvens encastelam-se no horizonte

O povinho não sabe nem quer saber se o que fez ou não fez o Dr. Montenegro nos primeiros três meses do seu governo teve alguma influência significativa (não teve) no crescimento da economia, mas a desaceleração no segundo trimestre de 0,3% para 0,1% não ajuda a ter dele uma boa opinião.

E o mesmo se pode concluir da queda homóloga em Junho de 3% e da queda em cadeia de 3,7% da produção industrial.

Quase tudo quanto desce um dia sobe

Por muito que fosse previsível com a desaceleração do crescimento e o aumento de 5,4 mil milhões da despesa pública no 1.º semestre, aumento só em parte atribuível ao governo AD, o povinho também não apreciará que o rácio da dívida pública tenha subido de 99,1% do final do ano passado para 101,5% do PIB, é certo que com a engenharia fiscal do Dr. Medina (o povinho também não sabe, nem quer saber disso).

As urgências, sempre elas

O Dr. Costa e os seus ministros da Saúde fintaram durante 8 anos as urgências hospitalares. Este governo, que anunciou 54 medidas de emergência para a Saúde, vai ter que mostrar um serviço que até agora não mostrou, como se vê pelo exemplo das urgências de Obstetrícia que tem metade fechada na região de Lisboa, onde moram 90% dos fazedores de opinião.