Reza a lenda que a libertação de Paris foi conseguida pelo exército francês comandado pelo General de Gaulle. A realidade é um pouco diferente, como nos recorda o jornalista e historiador Patrick Bishop no seu recentemente publicado «Paris ‘44: The Shame and the Glory».
Na verdade, o que estava planeado pelo comandante supremo das Forças Aliadas general Eisenhower era contornar Paris. Porém, o general de Gaulle, preocupado com o seu papel futuro na política francesa, a pretexto de que assim evitaria um levantamento sangrento pela Resistência comunista, convenceu Eisenhower a autorizar a Deuxième Division Blindée a entrar na cidade com o apoio da infantaria americana e com várias divisões aliadas à mão de semear, sem as quais a reduzidíssima tropa francesa não resistiria a um contra-ataque alemão.
«Paris ! Paris outragé ! Paris brisé ! Paris martyrisé ! mais Paris libéré ! Libéré par lui-même, libéré par son peuple avec le concours des armées de la France, avec l'appui et le concours de la France tout entière, de la France qui se bat, de la seule France, de la vraie France, de la France éternelle.»
E assim nasceu a lenda de «Paris libéré ! Libéré par lui-même, libéré par son peuple», que o pletórico ego do General no seu discurso do dia 25 de Agosto no Hôtel de Ville deve ter imaginado que lui-même se referia a lui-même.
2 comentários:
"O mito é o nada que é tudo.
(..)
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou."
Ulisses, Fernando Pessoa
"Ter é tardar", poetas........
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