Navegando à bolina |
(Continuação de 12)
«Assim como os sucessos nos primeiros anos de Governo de António Costa se devem a Pedro Passos Coelho, os principais problemas enfrentados por Montenegro são a herança de Costa.» (Helena Garrido, no Observador)
Sem dúvida. Ainda assim, será bom não esquecer que com excepção da “pesada herança do fascismo”, cuja invocação pela esquerdalhada nunca prescreverá, todas as outras “pesadas heranças” têm prazos de validade, longos para as da direita e curtos para as da esquerda. Suspeito que a invocação dos desastres dos oito anos de governação socialista pelo governo AD prescreverá ainda antes da invocação da austeridade do governo de Passos Coelho pelos sócios da geringonça.
Para o governo AD «o SNS é um tesouro», também?
É verdade que não é razoável esperar que os resultados de um desastre governativo de oito anos na saúde fique resolvido em três meses, como é verdade que ter uma ou duas urgências de obstetrícia fechadas alguns dias pode não ser objectivamente uma catástrofe num país onde nascem em média 274 bebés por dia, como será verdade que a maioria dos quadros demitidos pela ministra da Saúde não estavam à altura das funções. Contudo, não deixa de ser verdade que das cinco dezenas de medidas do Plano de Emergência e Transformação da Saúde só uma foi adoptada, e não deixa igualmente de ser verdade que a ministra da Saúde é um desastre numa área em que os ministros socialistas, ajudados por dezenas de pandeiretas e jornalistas amigos nas redacções, foram mestres – a gestão de expectativas, da comunicação e da imagem, enfim o agitprop.
Boa Nova
Antes da partida para férias, os ministros anunciaram mais Boas Novas, consistindo em prometer derramar uns trocos em cima dos problemas, tais como nove milhões por ano no transporte ferroviário de mercadorias (esta está à altura do Dr. Pedro Nuno) ou 300 milhões na promoção de emprego (numa economia que, por agora, está em pleno emprego). Ou consistindo em planos miríficos-corporativos de habitação a baixo custo para militares.
Choque da realidade com a Boa Nova
As crianças que fazem 3 anos até ao fim do ano sem vaga no ensino pré-escolar público ou social iriam para o sector privado sem custos para os pais, anunciou o governo que, contudo, não cuidou de se certificar que o sector privado teria o interesse e as condições de acolher essas crianças.
Efeito Lockheed TriStar
Por vezes, mais importante do que um governo faz é o que não faz, como a nega de Passos Coelho ao peditório do DDT para salvar o BES, ou a recusa do governo AD de enterrar dinheiro na INAPA, que a comissão executiva que ainda recentemente tinha tido «um voto de confiança por proposta da Parpública, tal como, aliás, nos anos anteriores», classificou como «destruição maciça de valor facilmente evitável».
O governo AD também quer um ministério da Propaganda?
Comprar as participações de dois grupos privados na Agência Lusa – uma espécie de Tass luso-socialista – deveria ser suficiente para um governo que é acusado pelos socialistas de ser neoliberal afastar essas acusações.
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