Há vida para além do orçamento? O OE sucial como lugar geométrico da distribuição do saque aos contribuintes
Devia ser evidente para toda a comentadoria deste Reino de Pacheco que o OE 2023 não é nem “prudente”, nem “equilibrado”, nem “de estabilidade”, nem “de confiança”. É simplesmente prócíclico, isto é, neste caso contraccionista (ou de austeridade, como o Dr. Costa chamou aos orçamentos do governo de Passos Coelho) e talvez não pudesse ser outra coisa, com a enorme diferença que a composição das receitas e das despesas podia, e devia, ser completamente outra num quadro das reformas que o país precisa e que a governação pelo Dr. Costa, focada na ocupação do Estado sucial pelo situacionismo socialista e na manutenção do poder, se tem mostrado incapaz de levar a cabo.
Investimento público, a autoestrada mexicana do PS, sempre
Por falar em orçamento, o investimento público este ano irá ficar mil milhões abaixo do orçamentado, em mais uma demonstração que as cativações do Dr. Centeno fizeram escola.
O que é hoje verdade, pode ser mentira amanhã e vice-versa
Decorrida uma semana da justificação mal amanhada para suspender a actualização automática das pensões em 2023, apesar de prevista na lei, porque, segundo o governo, anteciparia em cinco anos o défice da Segurança Social, o próprio OE 2023, entretanto divulgado foi suficiente para expor a aldrabice: o excedente em 2023 multiplicou-se por dois e o défice só chegará em 2060 (diz o governo). Preciso de explicar que não critico a prudência na gestão de um sistema que com a demografia actual é insustentável a prazo, mas antes a mentira?
No Estado sucial não há conflito de interesses. Há interesses em conflito
Mais três “historietas histriónicas”, como lhes chama o presidente do PS, ele próprio com a família colocada no Estado sucial: «o marido da secretária de Estado das Pescas e a mulher do secretário de Estado da Conservação da Natureza e Floresta têm participações em empresas que fizeram contratos com o Estado nos últimos anos» revela-nos o Polígrafo da SIC; a uma associação administrada pelo marido da ministra da Ciência foi atribuído um subsídio pela Fundação para a Ciência e Tecnologia tutelada pela ministra.
Em boa verdade, deve reconhecer-se que, dada a ocupação do aparelho do Estado sucial pelo novo situacionismo socialista que vive em profunda endogamia, é muito difícil evitar estas situações. O que poderia ser evitado é a mentira esfarrapada e as cumplicidades (como aqui e ali).
Take Another Plan / «Dinheiro deitado para a sanita»
O ministro Dr. Pedro Nuno Santos, líder do pedronunismo, para quem a TAP já foi uma empresa que teria de ser pública a todo o custo (prá aí uns 3 ou 4 mil milhões, só durante o consolado dele), teve uma epifania e concluiu que «a única maneira de assegurar a viabilidade de uma empresa estratégica para o país» é privatizá-la. Sendo certo que num país civilizado isto seria fatal para a criatura fazendo-a perder toda a credibilidade, é ainda mais certo que o Portugal dos Pequeninos está longe de ser um país civilizado e o Dr. Pedro Nuno ainda mais longe de ter credibilidade para perder.
(Continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário