Imaginemos que o papa Francisco e Lula da Silva assistissem a uma tentativa de estupro e comentassem em uníssono que ela era uma galdéria vaidosa, estava mesmo a pedi-las, provocara o estuprador e queria mesmo ser estuprada, que os amigos dela ao tentarem protegê-la estavam também eles a provocar o estuprador, que ela não deveria ter-lhe dado um pontapé nos tomates, porque o estuprador até não era má pessoa e bem poderia ter tido sexo consentido com ele.
Difícil de acreditar? Pois foi mais ou menos isso que as duas personalidades disseram mutatis mutandis a respeito da brutal agressão de Putin à Ucrânia.
«O Papa Francisco disse que o "latido da OTAN na porta da Rússia" poderia ter levado à invasão da Ucrânia e que não sabia se outros países deveriam fornecer mais armas à Ucrânia. (...) Ele descreveu a atitude da Rússia em relação à Ucrânia como "uma raiva que não sei se foi provocada, mas talvez facilitada" pela presença em países próximos da Organização do Tratado do Atlântico Norte.» (entrevista ao Corriere Della Sera citada pelo Wall Street Journal)
(Zelensky) quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. (...) As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]! Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para o Putin: ‘Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!’ (Entrevista de Lula da Silva à edição brasileira da Time)
4 comentários:
Espanta que o Papa desta vez tenha mostrado lucidez e dito a verdade dos factos. Num tempo em que a maioria dos cidadãos europeus se embebedam com propaganda e desinformação, é a primeira atitude de coragem que lhe vejo.
O que o Bidé e companhia estão a fazer, está num documento de 2019 da Rand Corporation. A Diplomacia do Vaticano está mínimamente informada.
O papa chico devia era estar caladinho(ou não tem podres suficientes na sua casa?) independentemente da culpa da guerra ser da nato ou da Russia ou da Ucrania ou de todos(incluindo os não mencionados).
"... Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’."
Caro Senhor
Quanto ao Papa francisco, abstenho-me de comentar , por motivos que serão facilmente compreensíveis.
Já do bêbado corrupto e chefe de quadrilha de extorsão de biliões de reais ao povo brasileiro, eu diria que, na frase que acima transcrevi, Lula estava a referir-se a si próprio: comediante, artista, rei da cocada, que mais é necessário para qualquer pessoa perceber que se refere ao septuagenário recandidato à presidência do Brasil, o capo di capi do roubo instituicionalizado . Além da Petrobrás, foi a Vale ( do rio Doce), o BNDES, tudo empresas nacionalizadas para mais facilmente ordenhar. mas as privadas ( Odebrecht & company) também eram mercados muito lucrativos para o governo do PT, que dizem tirou milhões de brasileiros da pobreza, colocando claro, outros nessa situação, e condenando os primeiros, por insustentável, o seu regresso à pobreza.
Cumprimentos
Vasco Silveira
Normalmente estou de acordo com o que escreve, mas desta vez não e surpreendeu-me negativamente, porque costuma ser uma pessoa de bom senso e conhecedora do que fala.
Espero que não tenha “embarcado” na ideia promovida pelos USA de que Putin o que quer com a invasão é a restauração do ex-império e que não desvalorize a provocação da NATO, agindo esta no interesse dos USA.
Convém também ter presente a situação da população de origem russa a viver na região do Donbass e o não cumprimento do que o governo ucraniano tinha assegurado para essa região, que daria resposta aos desejos da população, o que seria expectável num regime democrático.
Quanto ao território da Ucrânia que tornou-se um estado independente, ao que sei, mas corrija-me se estiver enganado, em 1917 e nos anos 20 de 1900 foi integrada na URSS, não correspondia ao território que lhe foi definido em 1991, aquando do desmembramento da URSS. Tinha recebido em 1954 a Crimeia, que desde meados do séc. XVIII foi território russo, e recebeu em 1945 parte do território da Polónia, da Hungria e da Checoslováquia, países derrotados na 2ª GG.
Dar a independência ao Donbass, respeitando a vontade da maioria da população, não revelaria um sinal de fraqueza da Ucrânia, mas sim de democracia e que deveria ser apoiada pelos países europeus, como fizeram aquando da desintegração forçada da Jugoslávia.
Regressando á EU e há uns anos atrás, quando Trump foi presidente, exigiu dos países da NATO um aumento do orçamento militar, sem grande sucesso, orçamento que grande parte seria consumido na aquisição de equipamento, sendo na generalidade este fabricado nos USA, ou seja, servia para dar um impulso á indústria de guerra americana, uma das industrias importantes dos USA, e também da investigação científica.
Já com Bidem e com o gás de xisto, este ameaçou a Alemanha para não concluir o Nord stream2, e que a Alemanha e a os demais países europeus deviam comprar gás aos USA (muito provavelmente o excedente da produção).
Só quem anda distraído é que não percebeu que os USA, sobretudo desde a implementação do euro, têm procurado desmembrar a EU e o seu maior receio seria que a Rússia alguma vez integrasse a EU, porque aí perdiam um grande mercado da indústria militar, e a própria NATO deixava de fazer sentido. Mais, a europa tornava-se independente no que respeita à crónica deficiência energética e também resolvia em grande parte a escassez de matérias-primas tornando-se talvez o bloco económico mais robusto.
Com a actual guerra, longe do seu território, que pode inclusive levar a testar armas atómicas, os americanos conseguiram todos aqueles objectivos, nomeadamente exportar o gás, vender armamento, enfraquecer a EU e impedir durante um longo período a inclusão da Rússia na EU.
É obra.
A minha dúvida é se hei-de enaltecer a estratégia americana ou criticar a estupidez europeia. Inclino-me mais para esta última.
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