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01/05/2022

Na história do Portugal dos Pequeninos, o século XXI não é assim tão diferente do XIX (2)

Continuação de (1).

Lendo «O Fundo da Gaveta» de Vasco Pulido Valente, dei comigo a pensar que, mudando a época, as modas e os protagonistas, o Portugal do século XIX me faz lembrar o Portugal da III República. Nos posts desta série cito algumas passagens que mais intensamente evocam essa ideia.

A fusão como prenúncio do bloco-central

Qualquer alternativa definida rejeitaria por natureza uma ou várias facções, quanto mais não fosse a unha branca do próprio Loulé, e, nessa medida, agravaria o conflito, já intenso; provocaria mais divisões; e, admitindo que conseguisse prevalecer, não conseguiria com certeza governar. Um postulado estava implícito ao pensamento da oposição: o de que só o Estado poderia estabelecer alguma disciplina política. O objectivo consistia por isso em associar ao Estado o máximo de personalidades, grupos e interesses, distribuindo igualitariamente as benesses e a influência e não afastando senão os inconciliáveis. Criticava-se Loulé, como antes Costa Cabral, pelo seu «exclusivismo», isto é, por usar os lugares, 0 dinheiro e a autoridade do Estado em exclusivo proveito dos históricos; queria-se inverter este critério, diluindo as fronteiras partidárias e criando uma única força, coesa e universal.

A este programa se chamou apropriadamente a «fusão».

[Do capítulo Ressurreição e morte do radicalismo (1864-1870)]

(Continua)

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