A imprensa de hoje celebra euforicamente as quatro presenças de Mestrados em Finanças de universidades portuguesas no ranking do Financial Times: Nova (14.º), Católica (23.º), ISEG (35.º), ISCTE (51º) em 55.
Não questiono que, em si mesmo, isso é relevante e positivo para um país europeu em vias de subdesenvolvimento. Dito isso, vejamos as coisas mais de perto, porque o diabo costuma estar nos detalhes, segundo um ditado dos alemães que há dois dias deram uma lição de futebol à selecção portuguesa.
Reparemos para começar que o ranking é o Masters in Finance pre-experience 2021 e que segundo a metodologia do FT:
- «The pre-experience ranking measures average salary increase between the first post-masters job on graduation and today — a timespan of about three years»
- «Local salaries are converted to US dollars using purchasing power parity rates supplied by the International Monetary Fund.»
- «There are 17 different categories in the pre-experience ranking, and alumni responses inform seven categories that together constitute 58 per cent of the total weight. The other 10 categories are calculated from the school data and account for the remaining 42 per cent»
- «The current average salary of alumni has the highest weighting: 20 per cent.»
Só para temperar a euforia vejamos os factores onde as escolas portuguesas pontuaram acima, em certos casos muito acima, do ranking global e que, portanto, o afectaram positivamente:
- Factores relacionados com o salário, sobretudo «Salary percentage increase» e «career progress» (não esquecer que os salários são corrigidos pela paridade do poder de compra);
- Factores relacionados com o "género", como «Female faculty %» e «Women on board (%)».
Por isso, titular que Portugal é «uma potência em Finanças» me parece quase tão exagerado como a notícia da morte de Mark Twain, e também porque em matéria de Finanças (Públicas), o Portugal dos Pequeninos é um dos dois maiores desastres da UE, e o outro está a caminhar rapidamente para deixar de o ser. É claro que a coisa se percebe à luz do complexo de inferioridade lusitano sempre à procura de um reconhecimento «lá fora».
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