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18/11/2019

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (6)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O Dr. Costa pode não ser o maior mentiroso (a concorrência é muito grande) mas tem um notável sentido de humor

Confrontado no parlamento pelo criador do Chega sobre ter dito que «os professores de Português que não tivessem colocação poderiam emigrar“, o Dr. Costa negou e o fact-checking confirmou que disse. Sorte a dele porque uma expressão equivalente custou a Passos Coelho a indignação patriótica de toda a esquerdalhada.

No mesmo debate quinzenal, Costa, compensando a fraca memória como primeiro-ministro de um governo que aumentou a carga fiscal e em particular aumentou os impostos indirectos 18,4% em três anos, mostrou um notável sentido de humor ao dizer que «Impostos são aquilo que permite que o país se modernize». E nós, maldosos e ingratos, a pensarmos que os impostos são aquilo que permite ao PS manter sossegada a sua freguesia eleitoral.

L’État c’est nous

Ressuscitando a geringonça, PS, BE e PCP tomaram a posição comum de retirar a palavra aos partidos recém chegados ao parlamento Chega, Iniciativa Liberal e Livre nos debates quinzenais, nas interpelações ao Governo e no debate sobre o estado da Nação, invocando o regimento que na legislatura passada havia sido excepcionado para o PAN.

"Privados"? Não se pode exterminá-los?

Os estatutos da Cruz Vermelha dizem que é uma é uma «instituição humanitária não governamental, de carácter voluntário e de interesse público, que desenvolve a sua actividade devidamente apoiada pelo Estado». «Não governamental» seguido de «apoiada pelo Estado» significa em socialês oficial um departamento do Estado Sucial.

Por isso, não admira que a hipótese do Hospital da Cruz Vermelha ser gerido por «privados» tenha sido afastada com repulsa. Sem necessidade, digo eu, porque com prejuízos de mais de 200 mil euros não sei se haveria «privados» interessados. Com involuntário a-propósito Sócrates escreveu na revista brasileira Carta Capital «o PS está grávido do Estado».

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

Mais um autarca socialista, o presidente da Assembleia de Freguesia de Castelo Branco e dirigente da Anafre, pago por uma empresa para fazer lobbying junto de autarcas depois de lhe ter adjudicado à contratos de 367 mil euros.

O excesso de zelo do Acção Socialista

Um marciano aterrado no Portugal dos Pequeninos ao ler o Expresso ficaria surpreendido com o contraste entre o que hipoteticamente saberia pela imprensa marciana e a imagem que o semanário de reverência lhe oferecia de um país vibrante e pleno de oportunidades sob a batuta do Dr. Costa e do seu Partido Socialista. Em geral, o semanário pinta a coisa com discrição, porém, por vezes entusiasma-se e perde a compostura.

Foi o caso neste último número que se dedica à promoção de quatro figuras socialistas, duas em dificuldades (João Galamba e Pedro Marques) e outras duas perdidas dentro dos armários do governo (Manuel Heitor e Nelson de Souza). João Galamba, secretário de Estado da Energia, lambe-botas de Sócrates, suspeito de envolvimento nos negócios do lítio, borrado de medo do povo de Boticas, surge em pose artística de Estado na primeira página no caderno de Economia que anuncia a entrevista de duas páginas onde debita as habituais banalidades. Pedro Marques, a nulidade que foi ministro das Infraestruturas (só tratou as superestruturas) e descansa agora no parlamento europeu, debita outras banalidades sobre o próximo peditório (garantia de depósitos paga pelos contribuintes europeus).

O choque da realidade com a Boa Nova

Primeiro foi a Boa Nova, não uma, mas duas: os dois programas de renda acessível promovidos pelos putativos sucessores do Dr. Costa. O programa de Fernando Medina, na câmara de Lisboa, e o de Pedro Nuno Santos, ministro da Habitação, a nível do país. Este último já se tinha revelado um flop, o de Medina que prometeu disponibilizar 6 mil casas a curto prazo e 20 mil a longo prazo abriu agora candidatura para 120 casas e só 10 estão prontas a habitar.


A acção do governo do Dr. Costa se visasse a paralisia do SNS e a entrega do «negócio» dos cuidados de saúde aos «privados» não poderia fazer melhor. Alguns exemplos da semana passada: «única ambulância pediátrica do Algarve está inoperacional; «Maioria dos hospitais do SNS aponta barreiras ao processo de compra de medicamentos»; «Garcia de Orta fica sem urgência pediátrica à noite». Até o semanário de reverência se sentiu obrigado a dedicar duas páginas aos «sintomas de um SNS doente».

Como responde o governo socialista à doença do SNS? Como o socialismo em todos os azimutes responde aos problemas, atacando os sintomas, produzindo agitprop e acabando com a «concorrência dos privados», neste caso pretendendo «fixar» os médicos que terminem a especialização e impedindo a fuga para os «privados».

As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu

Esta é uma das áreas em que as nossas performances são as melhores entre as melhores, parafraseando o S. Exª. o PR. A quarta maior dívida pública na OCDE e a terceira na UE.

Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

Os empréstimos para comprar casinhas voltaram a atingir em Setembro novo máximo de 2010, uns meses antes do Eng. Sócrates chamar, pela boca do Dr. Teixeira dos Santos, a troika para salvar o país do desastre por ele criado. E, por falar em empréstimos bancários, na iminência de abrandamento da economia a saúde da banca portuguesa inspira alguns cuidados à Moody's que revê em baixa o rating dos bancos de positivo para estável. E não, não é caso para menos - enquanto o rácio médio de malparado na UE28 é 3%, o da banca portuguesa depois de 7 anos de crescimento da economia, provavelmente irrepetíveis numa década, é mais do triplo (10,5%).

A confirmar outros sinais, o Eurostat reportou uma redução homóloga de 5% da produção industrial em Portugal em Setembro e o INE reportou uma redução para 1,9% do crescimento no 3.º trimestre.

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