Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

26/06/2010

ÉTUDE DE CAS: L’exception française et la toxoplasmose

O toxoplasma gondii é um agente patogénico que causa a toxoplasmose, uma doença bastante comum que atinge 60% da população mundial e que até agora parecia ter apenas consequências benignas não mais graves do que uma vulgar gripe. O agente é transmissível para os humanos através das fezes dos gatos domésticos, os quais frequentemente a contraem quando papam um rato. Nos ratos a coisa tem consequências mais drásticas podendo o toxoplasma g. formar quistos no cérebro e no fígado.

Também já eram conhecidos outros possíveis efeitos subtis e mais deletérios do agente patogénico nos humanos: por exemplo a esquizofrenia, quatro vezes mais frequente nas pessoas com anti-corpos ao toxoplasma g. Estudos mais recentes citados aqui mostram outros possíveis efeitos, como a propensão significativamente maior dessas pessoas para sofrer acidentes rodoviários, propensão aparentemente resultante de maiores tempos de reacção e menores capacidades de atenção.

Muito mais interessante pelo seu potencial explicativo dos padrões de comportamentos sociais é a elevada correlação estatística observada entre taxas de incidência da toxoplasmose e frequências de neurose. O caso mais interessante é o da França com altíssimos valores do score de neurose (1,8) e da taxa de infecção (45%), quando comparada, por exemplo, com a Grã-Bretanha, com valores muito mais baixos: -0,8 e 6,6%, respectivamente. Eventualmente isso explicará as dimensões culturais esquizofrénicas da França que os estudos de Geert Hofstede mostram com um índice de distância hierárquica duplo do britânico, explicação possível da conhecida propensão gaulesa para manifestações violentas e mudanças revolucionárias do poder por oposição às reformas graduais. Se tivesse que dar um conselho ao presidente Sarko e à sua bela Bruni para contribuírem para a pacificação da sociedade francesa e a promoção do espírito reformista seria: cuidem melhor da higiene sanitária dos franceses, exterminem os ratos e, em caso desesperado, como último acto de mudança violenta (revolucionária), exterminem também os gatos.

[Informação eventualmente útil para dona Carla do bomba inteligente e o seu gato Varandas]

Sem comentários: