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16/06/2010

CASE STUDY: A maldição do petróleo

Diz-se que Salazar, ao saber da hipótese de poder haver petróleo algures na zona de Torres Vedras, terá dito: «só nos faltava mais essa!». Não se sabe se era ou não o mesmo petróleo que Joe Berardo 50 anos depois anda a prospectar no mesmo sítio, mas percebe-se o desabafo do Botas que já nessa altura deve ter percebido que petróleo e desenvolvimento não rimam a maior parte das vezes.

Lula da Silva, se dissesse alguma coisa quando começaram as descobertas no pré-sal, seria «já temos o que nos faltava». E, contudo, seria possivelmente mais prudente ter dito o mesmo que é atribuído ao Botas porque a prodigalidade da natureza costuma tornar pródigos os humanos nos trópicos e, para ser justo, em todos os azimutes, salvo talvez onde a natureza não costuma ser pródiga.

Diferentemente de Lula, os governadores dos estados, com a excepção do Rio de Janeiro que até agora tem desfrutado da maioria dos royalties, teriam dito «ainda nos falta essa». Faltava porque, depois da aprovação pelo congresso da redistribuição dos royalties por todos os estados, passou a faltar aos cariocas que vão ter que pagar os seus 200 mil funcionários públicos com apenas 3% dos anteriores 1,8 mil milhões de euros. Se o passado é um bom indicador do futuro, vamos assistir nos próximos anos ao crescimento em todos estados duma floresta de funcionários fertilizada pela chuva de royalties mais densa do que a Amazónia até há 50 anos. Não seria a primeira vez e não seria  a última.

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