Resultados do trabalho (24 densas páginas), segundo o resumo dos autores:
«Cinco estudos testaram a hipótese do poder aumentar a hipocrisia moral, uma situação caracterizada pela imposição de padrões morais rigorosos aos outros mas com um comportamento próprio moralmente menos exigente. Na experiência 1, os indivíduos com grande poder, apesar de fazerem mais trapaças, condenaram as trapaças alheias muito mais do que os indivíduos com poder reduzido. Nas experiências 2 a 4 os indivíduos com grande poder foram mais exigentes no julgamento das transgressões morais dos outros e mais tolerantes com as suas próprias. Um estudo final evidenciou que o efeito do poder na hipocrisia moral depende da sua legitimidade: quando o poder é [sentido pelos próprios como] ilegítimo, a hipocrisia moral não só desaparece como se inverte, tornando-se o poder [sentido pelos próprios como] ilegítimo mais exigente no julgamento dos comportamentos próprios do que nos alheios. Este padrão comportamental, a que poderemos chamar hipercrisia, foi encontrado também entre os participantes com poder reduzido nas experiências 3 e 4. Analisamos o modo como os padrões de hipocrisia e hipercrisia dos indivíduos com grande poder e poder reduzido ajudam com perpetuar a desigualdade social.»Armados com estas conclusões, podemos agora compreender melhor o aforismo de Lord Acton («Power corrupts; absolute power corrupts absolutely»), e podemos confirmar a importância vital da separação de poderes e dos mecanismos de accountability a que todos poderes têm que estar sujeitos. Podemos ainda concluir pela insuficiência de elegermos sujeitos íntegros que, na ausência desses mecanismos, rapidamente abusarão do poder. Contudo, insuficiência não é irrelevância, porque um eleito sem integridade será um corruptor ainda antes de ser corrupto.
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