Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/10/2025

Lost in translation (371) - Insultos à inteligência


A foto da esquerda de um cartaz numa suposta cidade francesa com trottoirs de calçada portuguesa sugerindo o repúdio pela corrupção de Mme Le Pen é uma óbvia falsificação grosseira que anda por aí a circular nas redes sociais. A foto da direita é de um cartaz real numa cidade portuguesa com um teaser do Dr. Ventura para excitar as mentes fracas. E estamos assim.

30/10/2025

What would Mr. Trump's devotees have said if Sleepy Joe had accepted money from his supporters to pay the wages of US military? Would the devotees practice the usual double standard, or would they classify Mr. Trump as they would have classified Mr. Biden?

«President Donald Trump dropped the news casually at the very end of a White House roundtable this past Thursday. “A friend of mine”—he said the man preferred not to use his name—“he called us the other day, and he said, I’d like to contribute any shortfall you have because of the Democrat shutdown,” Trump said. The money would go to pay the armed forces while the government is closed. “Today, he sent us a check for $130 million.”

I am running out of words for astonishing, but I hope Americans are not running out of astonishment. This announcement is troubling in many ways, including the idea of a private individual funding the U.S. military—much less doing so anonymously. If allowed to stand, it will be the latest step on the road toward Congress’s irrelevance and the elevation of a near-monarchical presidency, whose holder can be swayed by influence and bribery but can’t be meaningfully checked by public oversight.

By the weekend, The New York Times had reported on the donor’s identity: Timothy Mellon, a reclusive heir to a huge fortune. He’s given millions to support Trump’s campaigns, as well as to Health and Human Services Secretary Robert F. Kennedy Jr., and his Children’s Health Defense. Mellon’s cousin Richard Mellon Scaife poured millions into seeking dirt on President Bill Clinton in the 1990s. Timothy’s grandfather, Andrew W. Mellon, was a businessman who became Treasury secretary during the administrations of Presidents Warren Harding, Calvin Coolidge, and Herbert Hoover—accruing such power that a joke went that three presidents served under him.

Even without knowing that context, you don’t need a political-science degree to understand why having wealthy individuals cutting secret checks to the president to pay the military is a bad idea. First, it makes the administration dependent on a wealthy person to function—which hands that person influence over the president. Second, despite the fact that Trump acts as though, and seems to believe that, the armed forces (along with the White House and the rest of the federal government) belong to and answer to him personally, they do not. Funding the military via a private donor not accountable to Congress, voters, or anyone (especially if they are unnamed) raises the specter that the military might really become beholden to the president. If Americans aren’t paying the armed forces, then why should the armed forces answer to or protect them? And what’s to stop their might from being trained on the people?

29/10/2025

What would Mr. Trump's devotees have said if Sleepy Joe had accepted money from his supporters to build a BIG, BEAUTIFUL BALLROOM? Would the devotees practice the usual double standard, or would they classify Mr. Trump as they would have classified Mr. Biden?


«The White House is getting a $300 million facelift, and some of the largest corporations in the world are footing the bill—with the help of MAGA lobbyists.

Construction began this week for Donald Trump’s “big beautiful White House ballroom,” with workers tearing down the East Wing. Trump has said the work won’t cost taxpayers a dime and will be privately funded by “many generous Patriots, Great American Companies, and, yours truly.”

The White House did not comment on how much Trump himself will give, but it did share a list with The Free Press—you can view that here—of almost 40 donors. It includes companies such as Amazon, Apple, and Google, crypto giant Coinbase, and defense contractors Lockheed Martin and Booz Allen Hamilton. It also includes wealthy Trump supporters like oil and gas magnate Harold Hamm and Blackstone CEO Stephen Schwarzman as well as crypto entrepreneurs Cameron and Tyler Winklevoss

MAGA Lobbyists’ Advice to Clients: Help Pay for Trump’s Big, Beautiful Ballroom

28/10/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (75)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Take Another Plan. SATA, uma TAP das Ilhas

Recordemos que a SATA, a companhia regional de aviação dos Açores, assinou em 2016 um contrato de leasing de um avião Airbus A330 que custou até 2023 mais de 40 milhões de euros, com o avião estacionado desde 2019 no aeroporto Sá Carneiro, por custar mais caro mantê-lo a operar. Entretanto, a SATA recebeu ajudas de 453 milhões de euros e só em 2023 a comissão de inquérito do parlamento açoriano se deu conta. Descobriu-se mais tarde que a SATA estava tecnicamente falida, ninguém parece saber qual o montante exacto do passivo e procura-se um candidato privado para comprar o mono, querendo dizer um benemérito que, como é sabido, fora do Estado sucial é coisa que não existe.

Fast forward, dois anos depois o processo de privatização continua sem candidatos e a Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo, preocupada porque o fecho da Azores Airlines do grupo SATA pode ter um impacto de cerca de 1,27 mil milhões de euros, montante equivalente a um quarto do PIB da RAA, e a perda direta de 815 empregos. A Câmara que considera a privatização a «única via possível para salvar a companhia» está equivocada porque a salvação desta companhia só pode ser feita com dinheiro dos contribuintes. A dúvida é se, e qual, a outra companhia pode fazer do tráfego aéreo para os Açores um negócio, isto é uma empresa paga pelos seus clientes.

Take Another Plan. TAP uma SATA do Continente

O Tribunal Constitucional confirmou a interpretação do Supremo Tribunal de Justiça e dois mil tripulantes com contratos a prazo desde 2006 cancelados, muitos deles durante o processo de reestruturação da TAP em 2022, em que foram torrados mais de três mil milhões de euros, poderão reclamar os retroactivos estimados em 300 milhões de euros (fonte).

Sequelas de oito anos de governação do Dr. Costa

mais liberdade

Os dois gráficos acima mostram os resultados do ensino doutrinário e da autoestrada mexicana do investimento público socialista.

O mito do alojamento local como culpado da falta de habitação

Passando ao lado da queda abissal das novas construções, o alojamento local foi um dos três pilares da tese oficial da esquerdalhada para justificar o aumento do preço das casas e dos arrendamentos – os outros dois foram o clássico da especulação dos senhorios e a compra de habitação pelos estrangeiros. Afinal, em resultado do «processo de limpeza dos registos inativos de alojamento local decorre há cerca de cinco meses» concluiu-se que actualmente cerca de 40 mil dos cerca de 125 mil alojamentos locais só existem no papel.

27/10/2025

Javier Milei ganhou uma batalha. Ganhar a guerra é outra coisa e, a ser possível, levará algum tempo

Para uma criatura com instintos liberais, como este vosso escriba, é natural ver com simpatia os esforços de Javier Milei para pôr em prática políticas visando emagrecer o Estado dinossáurico argentino e dar aos argentinos liberdade para viverem as suas vidas sem o jugo de uma "casta" extractiva.

Como sempre, os problemas na política não são só, nem principalmente, os fins, são também os meios e os estilos. Qualquer um poderia concordar com o essencial dos propósitos declarados da maioria das organizações políticas, já quanto aos caminhos para os atingir, a coisa fia mais fino.

Esquecendo o estilo que apela perigosamente ao simplismo e à irracionalidade, esses caminhos também no caso do actual presidente argentino estão longe de ser inquestionáveis, como mostram os exemplos aqui citados: a promoção de uma criptomoeda duvidosa que foi um fiasco, as suspeitas de corrupção da sua irmã e do principal candidato que veio a renunciar. Podia acrescentar, com grande ira dos devotos do Sr. Trump, deixar-se apropriar pela direita populista iliberal e em particular pelo trumpismo, com quem tem pouco em comum e a quem foi esmolar um swap cambial de 20 mil milhões para apoiar o peso.

Ainda assim, sendo a política a arte do possível, Milei merece o apoio dos democratas liberais.

Crónica da passagem de um governo (21)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Take Another Plan. Vai ser preciso escolher entre uma TAP viável e manter um marsúpio subsidiado

Não se sabe se o governo do Dr. Montenegro já se deu conta de que, com toda a probabilidade, nenhum grande operador internacional comprará a TAP sem garantias de que a poderá governar ou para manter o marsúpio com o ventre cheio de utentes. Por exemplo, um dos potenciais interessados o Grupo IAG (British Airways, Iberia, Vueling, AerLingus e Level) que comprou a Iberia – a TAP espanhola – e, depois das greves do costume, «Willie Walsh o CEO do IAG, pôs a Iberia perante o dilema receber o investimento necessário para a recuperação ou falir. O Estado Espanhol fica de fora de conflito empresarial» (ver aqui a estória contada por Sérgio Palma Brito).

Com outros interessados, como a Lufthansa, poderá haver algumas nuances, porém, os princípios básicos manter-se-ão porque quem compra sabe que vai ter de sobreviver num mercado muito concorrencial – a não ser que o Dr. Montenegro queira continuar a extorquir os contribuintes portugueses para pagar a factura de manter no ar o dinossauro.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro», seguido de Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Um excelente exemplo de como o SNS se afunda cada vez mais quanto mais dinheiro lhe despejam e mais “profissionais” lá estacionam, é o caso das “cirurgias adicionais” que se transformou num expediente para aumentar a produção “adicional” e que nalguns hospitais representa quase metade do total, tornando o aumento das listas de espera uma oportunidade de negócio para cirurgiões que dão prioridade às cirurgias mais simples e lucrativas, como explica o médico Luís Teixeira.

A meritocracia do Estado sucial é uma espécie de caquistocracia

Para quem não saiba ou não se lembre, a CReSAP é uma entidade que avalia os candidatos a nomeações para cargos públicos. Criada pelo governo de Passos Coelho, foi completamente ignorada pelos governos do Dr. Costa com os resultados que se viram de colocação de gente incompetente ou corrupta ou com ambas as características.

O Dr. Montenegro ressuscitou a CReSAP, e bem, mas persiste um outro pequeno problema. Recentemente, na falta de candidatos com mérito reconhecido, o governo nomeou para a Direção-Geral das Autarquias Locais um candidato que já tinha sido previamente nomeado em regime de comissão de serviço, usando o expediente dos governos socialistas. O mesmo voltou agora a acontecer com a nomeação para a Unidade dos Grandes Contribuintes da AT do director-adjunto, uma vez mais por falta de «candidatos com mérito». E por que faltam candidatos com mérito? Ora, por que haveria de ser? Porque na vaca marsupial pública em que se transformou o Estado sucial o mérito é na melhor hipótese supérfluo, ou na pior inconveniente.

Grão a grão enche a galinha o papo

Em boa verdade, é muito mais do que um grão, são 3,2 mil milhões de euros (dos quais 2,4 mil milhões do sector público) do aumento para 857 mil milhões de euros do endividamento da economia (dívida total das famílias, Estado e empresas não financeiras).

Não há vida para além do orçamento

Se acreditamos nas previsões do Conselho das Finanças Públicas (CFP) - há melhores razões para isso do que acreditar nas do governo -, o excedente de 2026 será de 0,1% do PIB e não de 0,3% como prevê o governo, ou seja, menos 2,3 mil milhões de euros. Já a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) vai mais longe e prevê um equilíbrio receitas-despesas devido ao “estímulo orçamental” de 5% do PIB e alerta para os riscos, nomeadamente das tensões geopolíticas e do impacto das “tarifas” do Dr. Trump.

26/10/2025

Javier Milei's troubles. Do as I say, not as I do

«Mr Milei’s economic team is in Washington, trying to hash out the details of the bail-out and buy some calm. Yet even if they can navigate American politics, the Argentine variety may swamp them. A serious loss in the midterms would all but end Mr Milei’s radical economic reform programme.

The coming weeks will be tough. Voters consider Mr Milei’s success in pulling down inflation to be old news. Corruption allegations and the gyrations of the peso dominate the headlines. It is still—just—possible that Mr Milei could emerge after the elections with markets calmed and his political hand strengthened. But he needs to make it to October 26th without more exchange-rate chaos, and then win enough seats in Congress to convince markets that his reform project is still alive. (...)

Then Mr Milei needs to win, or at least take enough seats to allow him to defend his presidential veto. But his electoral strategy is in trouble. His dogmatism has alienated powerful provincial governors. He came to power in 2023 raging against “la casta”, the corrupt political elite. “I’m hungry for the whole caste,” he roared again during his concert. And yet he has been hit by three big corruption scandals this year.

The first was over his promotion of a dodgy cryptocurrency that soon collapsed in value. Then, in August, leaked audio messages led to allegations that his sister was taking kickbacks from purchases of medicine by the state disability agency. The latest blow was on October 5th, when José Luis Espert, the leading candidate of Mr Milei’s party in Buenos Aires, whose face is already on the ballot papers, stood down. He admitted to receiving $200,000 from a man indicted in the United States for drug-trafficking, but says it was for legitimate consulting work. In all three cases those involved deny wrongdoing.

Curbing rampant inflation is the other pillar of Mr Milei’s pitch. Fast-rising prices used to be voters’ biggest worry, but unfortunately for him they have moved on, and now corruption tops the list. That inflation concerns have ebbed is a testimony to Mr Milei’s success, but he has failed to pivot to other issues. An overvalued peso helped to curb price growth, but propping it up has both hurt employment and exacerbated the exchange-rate crisis. Now more voters worry about jobs than inflation.

Polling suggests Mr Milei’s party still has a chance. But momentum is against it. He will need more than rock concerts to turn things around.»

The Argentine peso, and Javier Milei, are in trouble

25/10/2025

Em memória de Nuno Crato, um ministro da Educação que não sofreu de lunatismo doutrinário

Há poucos dias, num artigo do Observador, Isabel Hormigo, uma adjunta de Nuno Crato, ex-ministro da Educação do governo de Passos Coelho, citou Philippe Aghion, prémio Nobel da Economia, que num debate recente no BFM Business - o canal francês de economia e negócios com maior audiência -, fez uma entusiástica apreciação positiva das políticas adoptadas por Nuno Crato entre 2011 e 2015. 

Não fiquei surpreendido por essa apreciação e ainda menos pelos mídia portugueses não terem dado qualquer relevância às declarações de Philippe Aghion sobre Nuno Crato, ainda hoje, decorridos dez anos, uma bête noir nos meios académicos e educacionais infectados pelo politicamente correcto.

Aqui no (Im)pertinências não foi preciso um Nobel mostrar apreciação pelo trabalho de Nuno Crato para relevarmos a sua acção no governo "neoliberal" dedicando-lhe duas dezenas de posts entre os quais saliento este a propósito dos resultados dos testes de PISA e este outro propósito dos rankings das escolas secundárias.

24/10/2025

Put the Blame on Mame. The rise of the boo-reaucrats (some of them are begging autocrats)

«(...) The ritual scapegoating of the European Union, a foggy realm of incomprehensible acronyms, is the oldest trick in modern continental politics. Aren’t “Brussels” the unaccountable lot who regulate industry into an early grave, badger governments about their debt levels, then give Trumpians whatever they want on trade? Treating the EU as a ghoulish bogeyman has been somewhat in abeyance ever since Britain overdosed on the idea, much to its cost. But the old spirit is haunting Europe once again. A look at the upcoming political agenda suggests that a lot more Brussels-bashing may soon be upon us. Boo! (...)

For that is the really spooky thing about Brussels-bashing. Politicians decry decisions made by the EU as if they were edicts handed down by some foreign power. But given that national governments form the backbone of the EU, “blaming Brussels” is akin to a ventriloquist haranguing his own puppet for being foul-mouthed. In truth many of the continent’s thorniest challenges, from succouring Ukraine to cutting carbon emissions and dealing with Mr Trump, can now only be handled at the level of 27 countries at least trying to act as one. That is a scary thought for many politicians. Heaping blame on the ghosts found in a drizzly Belgian city is more comfortable than looking closer to home.»

“Brussels” is the phantom menace Europe loves to blame

23/10/2025

Ser de esquerda é... (32) - ... imaginar que o Palácio de Belém do Portugal dos Pequeninos é o topos das "utopias concretas"

O topos das "utopias concretas"

O LIVRE, «o espaço político da esquerda ecologista, progressista, europeísta, regionalista e libertária», uma espécie de Bloco de Esquerda sedado, sob a liderança do Prof. Rui Tavares, uma espécie de Prof. Louçã praticando um tele-evangelismo suave, decidiu apoiar o deputado pelo Porto Dr. Jorge Pinto na sua candidatura à presidência da República, mais concretamente da II República, cujos «ideais, princípios, valores, estão sob ataque» com vista a «continuar a contribuir para que o LIVRE continue a ser o partido das utopias concretas».

O Dr. Jorge Pinto é «Doutor em filosofia social e política, com uma tese sobre republicanismo, ecologia e pós-produtivismo». (fonte)


Outros "Ser de esquerda é..."

22/10/2025

CASE STUDY: O que nos diz o ranking das escolas de ensino secundário (3)

Continuação de (1) e (2)
No primeiro post chegámos a duas conclusões: os resultados das escolas privadas são claramente melhores em 2,14 pontos (= 13,50-11,36) e há tendência das piores escolas "compensarem" os seus alunos com uma avaliação menos exigente (a diferença entre as médias de exame e as notas internas de exame é 1,21 pontos nas melhores e 4,90 pontos nas piores).

No segundo post concluímos que escolas privadas aparentam ter maior heterogeneidade do que as escolas públicas, isto é, coexistem alunos muito bons com alunos fracos ou medíocres e que a relação entre notas de exame e notas internas é claramente mais fraca no caso das escolas públicas.

Vejamos agora no ângulo da localização das escolas se podem ser identificadas relações com o aproveitamento escolar. No quadro seguinte as escolas estão segmentadas em três grandes regiões: os concelhos puramente urbanos de Lisboa e Porto, com níveis de rendimento médio e educacional mais elevados, e os restantes concelhos. 


Em todas as regiões as escolas privadas têm um melhor desempenho e uma menor diferença entre notas internas e notas de exame. Nas escolas privadas do concelho de Lisboa essa diferença (0,96) é claramente muito inferior, menos de metade das escolas privadas do Porto (2,19) e dos outros concelhos (2,45), sugerindo uma necessidade muito menor de "compensação" dos alunos. Diferentemente, nas escolas privadas do Porto a diferença entre notas internas e notas de exame é mais do dobro da diferença em Lisboa (2,19 contra 0,96) e está próxima dos outros concelhos.   

Nas escolas públicas o factor regional não parece ter influência significativa nas notas de exames que variam entre si apenas umas décimas, sugerindo um nivelamento por baixo.  

No quadro seguinte registam-se os desvios-padrão das notas de exame e das notas internas para os mesmos concelhos.   


Os desvios-padrão das notas internas muito mais baixos do que os desvios-padrão das notas de exame em todos os concelhos sugerem que todas as escolas, independentemente do seu estatuto e da sua localização, tendem a "alizar" as notas que atribuem aos seus alunos.
    
No concelho de Lisboa o desvio-padrão mais baixo, quer das notas de exame (1,41) e quer das notas internas (0,49), sugere que o aproveitamento nas escolas privadas tem uma menor heterogeneidade nesse concelho. Nas escolas públicas dos outros concelhos destaca-se o desvio-padrão claramente inferior (1,04) ao de Lisboa (1,62) e do Porto (1,54), confirmando um nivelamento por baixo do ensino público na maioria dos concelhos.

21/10/2025

DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.

Francisco Pinto Balsemão

Um homem com muitas fraquezas e a grandeza de um democrata genuíno praticante da liberdade de expressão que marcou a vida pública do Portugal dos Pequeninos nos últimos 60 anos.

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (74)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Dêem um lugar ao Dr. Centeno

Felizmente para o seu sucessor no BdP, o Dr. Centeno está a fazer o possível e o impossível para ser colocado num púlpito europeu, uma vice-presidência, seja a da EBA (Autoridade Bancária Europeia), seja a do BCE (Banco Central Europeu). O relações públicas do Dr. Centeno está há uma semana a soprar ao ouvido dos jornalistas amigos o desejo do Dr. Centeno de ir fazer companhia ao Dr. Costa na Óropa.

Nos primeiros dias, a coisa era disfarçada como uma iniciativa externa, nuns casos com uma grande ousadia de a atribuir à Drª. Lagarde que «aposta em Centeno para a presidência da Autoridade Bancária Europeia», assumindo que a presidente do BCE não leria jornais portugueses e, portanto, não se aperceberia do abuso de lhe colocar esta aposta no regaço. Noutros casos, como uma iniciativa colectiva «(Centeno entre os favoritos à presidência da Autoridade Bancária Europeia»). Em vão se procuraria na imprensa europeia quaisquer vestígios dessa suposta iniciativa.

Até que, na falta dos sinais exteriores, o Avante da Sonae chega mesmo ao ponto de desvendar a manobra e escreve «Jornal Eco lança Centeno na corrida», perde-se a vergonha e assume-se que criatura «está de olho no lugar de vice-presidente do BCE» e lamenta-se que tardem os apoios do governo português que «tem menos de um mês para apoiar (ou não) Centeno no BCE».

No lugar do actual governador do BdP – o “Álvaro”- faria uma campanha para desamparar a loja e despachar a criatura para Frankfurt.

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Desde Julho de 2020, quando o governo do Dr. Costa, depois de, pela mão do Dr. Caldeira Cabral, ter feito o favor de comprar a EFACEC à Dr.ª Isabel dos Santos, começou a tentar vendê-la, que o Dr. Siza Vieira, com grande falta de sizo, anunciava todos os meses que o mono estaria prestes a ser vendido, enquanto lá enfiava mais uns milhões e dava mais uma garantias. Até que no princípio deste ano o Tribunal de Contas confirmou que o desastre poderia ter um custo de 564 milhões de euros. Foi nesta altura que o parlamento acordou e pediu uma auditoria ao TdC que confirmou esse número e estimou que não seriam recuperáveis mais do que uns 400 milhões.

Sequelas da governação do Dr. Costa e do seu amigo do peito Dr. Cabrita

Ainda hoje se fazem notar as consequência da política de imigração irresponsável dos governos socialistas potenciada pelo caos administrativo da AIMA pela obra feita dos governos socialistas, descobrindo-se que afinal o número de imigrantes é superior a um milhão e meio e quadruplicou em 7 anos.

20/10/2025

Crónica da passagem de um governo (20)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) não partilha do optimismo do governo e prevê um crescimento do PIB em 2026 de 1,8% em vez de 2,3% e um défice de 0,6% em que o governo projecta um excedente de 0,1%. O FMI também não tem a fé do governo no crescimento e prevê 1,9% para 2025 e 2,1% para 2026, quando o governo prevê 2% e 2,3%, respectivamente. Eu apostaria nas previsões do CFP que não tem de ganhar eleições.

Vem a propósito acrescentar que os excedentes orçamentais se têm devido exclusivamente aos excedentes da Segurança Social (que na verdade não são excedentes, são apenas acréscimos das reservas para pagar as pensões no futuro) e estes excedentes em boa medida resultam das contribuições dos imigrantes. Sem a Segurança Social os défices do OE seriam sempre superiores a 2%.

E, por falar em Segurança Social, a CGA – o sistema de pensões da vaca marsupial pública –tem um buraco crescente que ano passado se pode estimar numa insuficiência de contribuições de 7 mil milhões de euros que tiveram de ser financiados pelo Estado.

Depois da engorda efectiva a dieta anunciada

Depois de ter atingido no 2.º trimestre 760,7 mil funcionários públicos, acrescentando mais 20 mil à abundante herança do Dr. Costa que em 8 anos aumentou em 85 mil, o governo prometeu no OE2026 congelar o número.

Boa Nova

O governo garante que o programa ‘Construir Portugal’ apresentado em maio de 2024 irá disponibilizar 145 mil casas até 2029.

Choque da realidade com a Boa Nova

Em matéria de investimento na habitação, que estava orçamentado em 1.299 milhões e apenas foram executados 868 milhões, por isso, ao governo AD também é aplicável do paradigma da auto-estrada mexicana. Foi mais um prego para o caixão da habitação, cujos preços estarão sobreavaliados em 35% segundo a CE (apud).

E eu a pensar que as reformas permitiriam reduzir a despesa pública…

O governo propõe-se gastar 1,6 mil milhões na reforma do Estado sucial até 2029, dos quais cerca de 80% até 2027. Quais serão os resultados desses milhões entornados em cima da gigantesca máquina burocrática ninguém sabe.

As reformas inadiáveis são as que visam aumentar o bem-estar dos funcionários

Por exemplo “repondo” (um verbo tipicamente socialista que significa voltar a conceder uma mordomia que o estado do Estado sucial não permitiria) três dias de férias que o programa de recuperação assinado pelo Eng. Sócrates para a troika emprestar dinheiro obrigou o governo PSD-CDS a suprimir.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

A única certeza dos novos centros de elevado desempenho (CED) do SNS é que os obstetras e ginecologistas irão ganhar até mais 50% da remuneração-base. Quanto ao elevado desempenho, depois logo se vê.

Juízes em causa própria

Eu pensava que o papel do Tribunal de Contas seria fiscalizar a contabilidade pública, nomeadamente a realização da despesa pública e não o de ser mais uma instância hierárquica de decisão a somar às já existentes. Por isso, o plano do governo de limitar o papel do TdC à fiscalização parece-me ter sentido e, também por isso, a intenção soprada para os jornais do «Plenário do Tribunal de Contas aprovar na próxima quinta-feira um aviso sério ao Governo» por considerar que essa reforma seria um «retrocesso substancial nos mecanismos preventivos de combate à corrupção», parece relevar muito de luta pelo poder e pouco de combate à corrupção.

Além de outras infecções, a AIMA também sofre da maldição da tabuada

É certo que o governo socialista deixou um caos administrativo, ainda assim, é difícil perceber que a AIMA só em Abril conseguiu estimar em cerca de 1,6 milhões o número de imigrantes registados em Portugal no final de 2024 e seis meses depois concluiu afinal eram 1.543.697.

19/10/2025

PUBLIC SERVICE: Trump Is Making Socialism Great Again. Capitalism needs better advocates.

«In 2002, toward the end of her public career, Thatcher was asked to name her greatest achievement. “Tony Blair and New Labour,” she replied. “We forced our opponents to change their minds.”

Sanders might say the same about Trump and his Republican Party. Goodbye to Reagan-era enthusiasm for markets and trade: Trump vowed much more aggressive and intrusive government action to protect American businesses and workers from global competition. He also offered a bleak diagnosis of America’s condition, for which the only way forward was to return to the past.

At the same time, Trump’s persona vindicated every critique Sanders might advance about the decadence of late capitalism. Here was a putative billionaire whose business methods involved cheating customers and bilking suppliers. His private life was one scandal after another, and he spent his money on garish and gimcrack displays. He staffed his administration with plutocrats flagrantly disdainful of the travails of ordinary people, and with grifters who liked to live high on public expense. (...)

17/10/2025

Mudam-se os tempos mudam-se os expedientes. O Reductio ad Hitlerum dá lugar ao Reductio ad Sinistram e ao Reductio ad Activismum

O ideário da esquerda, que no pós-guerra tem dominado até recentemente o condicionamento da opinião pública das democracias ocidentais, recorreu sistematicamente ao expediente designado por Reductio ad Hitlerum para classificar como fascista qualquer ideia ou pessoa desalinhada com esse ideário.

Agora que esse ideário vem perdendo influência na opinião pública, e a um ritmo mais lento nos mídia, em benefício de um ideário de direita, começa a emergir nos meios da direita um expediente semelhante de classificar como esquerdismo qualquer dissidência em relação ao actual credo oficial da direita. 

Baptizo esse expediente de Reductio ad Sinistram ou Reductio ad Activismum. Para se entender melhor o que quero significar, dou alguns exemplos. Uma criatura que defende o direito dos judeus a terem o seu Estado e a garantirem a sua segurança - para simplificar, um amigo de Israel - que critique as políticas e os abusos do governo de Israel é automaticamente classificada como esquerdista e inimiga dos judeus. Outra criatura, crítica do ideário e das práticas designadas como "woke", que não aceite que as instituições democráticas sejam usadas para adoptar práticas da direita semelhantes a pretexto de as combater, arrisca-se a ser classificada como esquerdista e até "woke". 

O mesmo expediente é usado pelos devotos de um ideário (de direita ou de esquerda) para classificar uma criatura que tenha uma visão crítica das práticas do líder que corporiza esse ideário, por muito idiota, sem escrúpulos, desonesto ou incompetente que esse líder seja, atributos que de resto a esmagadora maioria dos devotos, cegos pela sua devoção, não reconhece.

Uma pequena maioria a quem resta alguma lucidez, reconhecendo que as fraquezas do líder, nem por isso deixam de usar o mesmo expediente em público, embora em privado possam reconhecer  que «he may be a son of a bitch, but he's our son of a bitch», adoptando assim o que aqui no (Im)pertinências baptizámos há muitos anos de Doutrina Somoza, inspirados no facto - facto provavelmente falso ou alternativo, no sentido de Mrs Conway -, do presidente Franklin D. Roosevelt ter dito isso mesmo em 1939 a propósito do apoio ao ditador Somoza.

16/10/2025

Dúvidas (361) - Desta vez será diferente? Poderá a IA vir a ser a bolha DotCom do século XXI? (2)

Continuação de (1)

Gita Gopinath, actualmente professora de economia de Harvard, foi entre 2019 e 2022 economista-chefe e de 2022 a 2025 vice-presidente do FMI, escreveu recentemente na Economist um texto onde defende que a bolha actual será diferente da DotCom - terá um impacto muito maior. Aqui vai um extracto: 

«O mercado de ações americano tem oscilado ultimamente em meio a um aumento nas tensões comerciais, mas permanece perto de seu recorde histórico. O aumento, alimentado pelo entusiasmo em torno da inteligência artificial, atraiu comparações com a exuberância do final dos anos 1990, que culminou no crash das DotCom de 2000. Embora a inovação tecnológica esteja inegavelmente remodelando as indústrias e aumentando a produtividade, há boas razões para nos preocuparmos com o facto de que o "rally" actual possa estar a preparar o terreno para outra dolorosa correção do mercado. As consequências de tal acidente, no entanto, podem ser muito mais graves e globais do que as sentidas há um quarto de século. (...)

Em suma, é improvável que um crash do mercado hoje resulte na breve e relativamente benigna desaceleração económica que se seguiu ao estouro da DotCom. Há muito mais riqueza em jogo agora - e muito menos espaço político para suavizar o golpe de uma correção. As vulnerabilidades estruturais e o contexto macroeconômico são mais perigosos. Devemos preparar-nos para consequências globais mais graves.»

Às almas que eventualmente sonhem que isto nada tem a ver com o que se passa no Portugal dos Pequeninos, recomenda-se que façam uma retrospectiva rápida às circunstâncias que se seguiram a algo que ainda teria menos a ver com o que se passava na Ditosa Pátria - a chamada crise do subprime de 2008. A quem já se tenha esfumado na memória e preferir rever a coisa numa perspectiva divertida, em alternativa a ler alguns das dezenas de posts deprimentes que na época publicámos, recomendo que visionem este vídeo da época.  

(Continua)

15/10/2025

Another Brick in the Wall and Shooting Themselves in the Foot (2)

[Continuation of Another Brick in the Wall and of Shooting Themselves in the Foot]

As I have written, the ability to attract foreign talent has long been a key success factor for American companies and universities. Therefore, asking companies to pay $100,000 per year for H-1B work visas can only harm the American economy.

I emphasize that the Trump administration's negative stance toward immigrants will extend to highly skilled immigration, potentially harming the essential research that drives innovation for American companies.

Source

While the EU's benefits can be attributed in part to its large population compared to other countries, it is important to note that the US ranks sixth in terms of Nobel Prizes awarded in these fields per million inhabitants, surpassed only by Switzerland, Sweden, Britain, Denmark, and Austria. These figures anticipate the consequences for the research of a negative stance toward high-skilled immigration.

14/10/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (73)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.


Durante os oito anos em que o PS governou, o Dr. Costa e o Dr. Centeno seguido do Dr. Leão manipularam sistematicamente os números do investimento público ao comparar o orçamentado no ano (sempre empolado e nunca executado) com o executado no ano anterior (sempre inferior ao orçamentado para esse ano), anunciando o seu constante aumento, na verdade inexistente ou mesmo redução.

Isso mesmo constatou agora o FMI no seu relatório «Spending Smarter: How Efficient and Well-Allocated Public Spending Can Boost Economic Growth» em que compara o investimento público nos períodos 1995–2009 e 2010–22 e salienta o caso de Portugal que «substantially reduced their allocations for public investment between the two time periods», ao contrário da propaganda socialista.

Uma previsão fácil: o ego inchado do Dr. Centeno vai chocar com o novo governador

Se houvesse dúvidas sobre a colaboração que o Dr. Centeno se prepara para dar ao novo governador Santos Pereira, bastaria ler a sua mensagem aos trabalhadores do BdP, o seu apelo à expulsão da “má moeda”, imitando o Dr. Cavaco Silva que invocou a lei de Gresham para fazer a cama ao Dr. Santana Lopes, e ouvir o hino, que o BdP pagou para ser musicado, em que ele próprio glorifica o seu mandato como governador.

«Motivo ponderoso de natureza pessoal e profissional"»

Foi essa a justificação que o ex-líder do PS Dr. Pedro Nuno deu para suspender por 180 dias o seu mandato de deputado, furtando-se assim à discussão e votação da proposta de OE 2026 que o seu sucessor se prepara para aprovar.

A caminho da irrelevância?

Os resultados das eleições autárquicas mostram a notória queda do PS que perde para o PSD-CDS 22 câmaras e mais de 100 mil votos, a CDU a perder 7 das suas 19 câmaras, a confirmação da irrelevância da extrema-esquerda e a confirmação do Chega como partido unipessoal do Dr. Ventura com 3 câmaras e apenas 654 mil dos seus 1.438 mil eleitores nas legislativas.

13/10/2025

Trégua é a palavra adequada. Paz duradoura é outra coisa e paz eterna é retórica

Ainda que precário, um acordo nas circunstâncias em que a população de Gaza se encontrava desde há 2 anos, entalada entre o terrorismo do Hamas e os excessos do governo israelita, é um passo importante e indispensável e, por isso, temos que dar os devidos créditos ao Sr. Trump e esquecer durante algum tempo a distância entre a realidade e os seus discursos hiperbólicos.

A paz não é a ausência de guerra e, ainda assim, tornar duradoura essa ausência num contexto de quase oito décadas de conflitos e ódios exarcebados exigirá compromissos e não será viável sem as garantias de segurança para Israel e de um Estado para os palestinos.

Crónica da passagem de um governo (19)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Quereis reformas? Tomai lá!

Sabeis que o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, que é um instituto público, controla a produção, os stocks, certifica os vinhos e fixa as quantidades de pipas que os produtores estão autorizados a produzir, quantidades que, para responder à redução da procura, têm vindo a diminuir para evitar a descida dos preços. O Estado Novo não faria melhor. Isto, por um lado, pelo outro lado, o governo português paga 0,5 euros por quilo de uvas entregue para destilação, subsídio que até para as regras corporativas da UE não é considerado aceitável e, segundo o comissário europeu para a Agricultura e Alimentação, também não é eficaz sugerindo que em vez disso se combata a fraude e se adopte a “colheita em verde”.

«Investigar pessoas para ver se cometeram algum crime»

O caso Spinumviva, que agora voltou por uma oportuníssima fuga de informação à primeira página dos jornais, a pretexto da “convicção” dos procuradores que escarafuncham a vida empresarial do Dr. Montenegro, originou a minha rara concordância com o Dr. Daniel Oliveira. Rara porque sobre o Dr. DO, jornalista de causas / militante / comentador / analista e recordista dos ex (ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-BE, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar), escrevi coisas pouco simpáticas (ver a série «Arranjem um lugar ao rapaz. Ele merece!») nos tempos longínquos em que numa das suas múltiplas encarnações ainda não se tinha desiludido com a geringonça e dava o melhor da sua prosa para a justificar.

Trata-se do Dr. D.O. ter escrito «O Ministério Público investiga suspeitas de crimes que possam ter sido cometidos por uma ou mais pessoas, não investiga uma ou mais pessoas para ver se cometeram algum crime. Isso fazem ditaduras aos seus opositores», não a propósito do caso Spinumviva, como eu distraidamente pensava, mas da investigação ao Dr. Ivo Rosa.

Não é necessário desacreditar a Justiça. O Ministério Público já faz o suficiente

Vem a propósito registar que, segundo a revista Sábado, o MP e a PJ estão a investigar as férias no Brasil em 2024 do Dr. Montenegro e a da sua família por, alegadamente, terem sido pagas pela empresa que é propriedade da família, o que constituiria “crime de recebimento indevido de vantagem”. Melhor é difícil.

O SNS não tem tratamento para o défice de tabuada?

Segundo um estudo, a Linha SNS24 das 900 mil chamadas mensais que se esperam sejam feitas, cerca de 300 mil ficarão por atender por falta de recursos porque o serviço «opera acima da sua capacidade há mais de dois anos». Segundo o mesmo estudo, trabalham na triagem telefónica do SNS 3.200 profissionais, dos quais, devido a férias e ao desconto habitual por absentismo, digamos 10%, pelas minhas contas só cerca de 2.600 (90%x3200 – 1/12x3200) estarão em média ao serviço, os quais em cada mês poderão operar cerca de 140 horas e no total 364 mil horas. Assim, o atendimento das 900 mil chamadas poderia ser alcançado se cada um deles atendesse em média 2,5 chamadas por hora ou 17,5 por dia. Nesta altura do campeonato convirá dizer que, segundo o ChatGPT, «In most healthcare call centers, a reasonable target is 60–100 calls per operator per day, assuming 5–7 minutes average handle time and an 8-hour Shift».

O crescimento é poucochinho e o poucochinho depende de coisas que um dia acabarão

Para o BdP o crescimento do PIB este ano poderá superar a estimativa anterior de 1,6% e atingir 1,9% a cavalo do crescimento previsto de 3,3% do consumo das famílias, o que mais do que compensará a desaceleração da procura externa. E é claro que mesmo este crescimento só será conseguido à força da entrada da grana da Bazuca e do turismo que tem representado quase metade do crescimento da economia.

12/10/2025

Dúvidas (360) - Desta vez será diferente? Poderá a IA vir a ser a bolha DotCom do século XXI? (1)

Decorridos 25 anos, muito poucos se recordarão do que ficou conhecido como a bolha DotCom que rebentou no início deste século. Recordemos pois em que consistiu.

«A bolha DotCom foi desencadeada pelo surgimento da World Wide Web e seu navegador potente, mas fácil de usar, o Mosaic. Fornecedores e investidores declararam como a Web transformaria os negócios da noite para o dia, criando a "Nova Economia", onde tudo acontecia em "tempo real" e o comércio se movia na velocidade dos elétrons. Amazon.com surgiu e cresceu rapidamente vendendo livros online, e todas as outras indústrias ficaram com medo de serem "Amazonadas" por uma start-up. A corrida era para construir capacidade de rede e enormes fazendas de servidores, e muito dinheiro foi investido. No final, a Web se tornou um modelo de negócios bem-sucedido, mas aconteceu mais na taxa da tendência histórica da tecnologia (crescimento de 11% ao ano), não na taxa da tendência da bolha. (...) As bolhas são curvas S que colapsam muito rapidamente por causa da percepção/pânico de que o valor que está sendo criado é "fictício", muitas vezes caindo em cerca de um terço do tempo que levaram para subir.»

(Continua)

10/10/2025

Dúvidas (359) - O que fazer se o Comité Nobel numa flagrante injustiça não atribuir o Nobel da Paz ao Sr. Trump?

A resposta é simples, o Sr. Trump antecipa-se e premeia-se a si próprio, através de um dos seus apoderados, com a nova moeda de 1 dólar a pretexto do 250.º aniversário. 

O punho cerrado é um gesto que ficaria bem se o POTUS fosse o Sr. Bernie Sanders.
 Sendo o Sr. Trump, é um pouco equívoco, to say the least.
 

09/10/2025

You can't fool all of the people all the time (7)

Other "You can't fool all of the people all the time"


YouGov (source)

What would Donald Trump say if Sleepy Joe had sunk to such depths of disapproval?


Not only disapproved on all issues, but increasingly disapproved, even in his Big Beautiful Bet of putting the troops to police the cities.

08/10/2025

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O governo de Netanyahu é o melhor aliado do Hamas (4) ou como manter os inimigos e alienar os amigos

Este post é o quarto de uma série iniciada há 14 anos: (1), (2) e (3).

Secção Tiros nos pés

Completaram-se ontem 2 anos da chacina a sangue-frio de mil e trezentos civis israelitas por um bando de bárbaros. A bandeira em nome da qual foi cometido o crime é ela própria criminosa. A resposta pelas IDF a este crime foi muito dura, mas legítima. Algures em 2023 ou 2024 essa legitimidade foi sendo perdida porque se perdeu o propósito de punir os criminosos e destruir a sua capacidade organizacional e logística para voltarem a cometer os mesmos crimes. Vem a propósito dizer que, apesar de Israel ser uma democracia (defeituosa, acrescente-se), não se deve confundir o Estado de Israel com o seu governo actual, nem, com mais razão, confundir o Hamas com o povo da Faixa de Gaza.

Dirá quem se considere amigo incondicional do Estado de Israel e, na verdade, é apenas adepto incondicional do governo de Netanyahu, pensando que o Hamas poderá recuperar e voltar a atacar Israel e, por isso, a transformação de Gaza num cemitério em ruínas se justifica. E eu respondo: o Hamas recuperará e voltará a atacar com maior probabilidade, violência e suporte popular quanto mais se eternizarem as acções de destruição desproporcionada e injustificada cujo propósito parece esgotar-se em manter o apoio ao governo pelos partidos religiosos extremistas.

Uma das consequências dessa destruição desproporcionada e injustificada é que Israel está a perder muitos dos seus amigos. Três quartos dos países membros da ONU, incluindo recentemente Canadá, Austrália e Reino Unido, três aliados tradicionais de Israel, já reconhecem o Estado Palestino. Sendo certo que é o reconhecimento de uma entidade inexistente e assim continuará com toda a probabilidade, é igualmente certo que tem um profundo significado político. 

A esta mudança internacional temos de somar as mudanças internas americanas, como, para dar um exemplo, a da congressista republicana Marjorie Taylor Greene que escreveu 

«If America was being bombed day and night because of something horrific our government did, and many innocent Americans and American children were being killed and traumatically injured, and we begged for mercy, but the rest of the world said, 

“Americans voted for their government so they deserve it, their government is bad so all Americans are bad, therefore this is what they get and must be done”.

(...)  This is what is happening to Gaza where in spite of what we have all been told, many innocent people and children are being killed and they are not Hamas.»

Poderia pensar-se que Marjorie Taylor Greene é uma voz isolada e o apoio do povo americano continua inabalável.

Créditos 

Não é verdade. Desde logo, o apoio do povo americano nunca foi inabalável e nos últimos anos a atitude em relação a Israel tem-se tornado menos positiva ou mesmo negativa, quer dos democratas quer dos republicanos.

Por isso, repito a avaliação que fiz nos posts anteriores: para Netanyahu e os seus correlegionários, cinco chateaubriands, por estarem convencidos de que o pior para os palestinos é o melhor para Israel, e cinco bourbons por aí continuarem encalhados, nada esquecendo nem aprendendo.

07/10/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (72)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Dr. Centeno é um estereótipo do apparatchik socialista e o BdP é demasiado pequeno para o seu ego (2)

Em retrospectiva: após quase cinco anos no ministério das Finanças, o Dr. Centeno autonomeou-se para governador do BdP que dele dependia. Após a demissão do Dr. Costa em Novembro de 2023, em trânsito para presidente do Conselho Europeu, o Dr. Centeno em entrevista ao Financial Times ofereceu-se para ocupar o lugar vago em S. Bento e, gorado esse desiderato, iniciou as suas sondagens para uma candidatura a Belém.

Mais recentemente, em fim de mandato, Dr. Centeno foi colocar a primeira pedra da futura sede do BdP, cujo custo final «a Deus pertence», renovou o mandato do seu chefe de gabinete e, quando o seu sucessor fez saber que não o manteria em funções, na penúltima reunião da administração o Dr. Centeno aproveitou para nomear o seu chefe de gabinete para consultor de gestão de dados.

Todo esse desaforo foi ultrapassado quando a administradora sua protegida Dr.ª Helena Adegas apresentou uma proposta para a promoção do próprio Dr. Centeno que a maioria da administração decidiu adiar com grande desagrado do Dr. Centeno que alguns dias depois enviou uma longa carta a todos os funcionários glorificando a sua obra (fonte).

Depois da obra feita, a obra a fazer

Nos seus tempos de autarca, O Dr. Costa autoelogiava-se recorrentemente com o que chamava a sua “obra feita”. Talvez em sua homenagem, os candidatos socialistas às autarquias à falta de obra feita enunciam a obra a fazer, designadamente na área da habitação. A Dr.ª Leitão em Lisboa apresentou um volumoso objectivo de construção de fogos municipais, nada menos de 4.500 novas habitações. A obra a fazer pelo conjunto dos candidatos socialistas atinge o pantagruélico número de 25.000 fogos, mais do que a média anual de novos fogos construídos em todos o país (contas de António Rocha Pinto).

As “rendas moderadas” do governo AD, já tinham sido as “rendas acessíveis” do governo socialista

Em 2023, quatro anos depois do lançamento do Programa de Renda Acessível do Dr. Pedro Nuno, o resultado foram 771 contratos, ou seja, 0,084% dos 921 mil arrendamentos em Portugal. Seis anos depois, o programa do Dr. Pedro Nuno, que tinha como objectivo atingir 20% do mercado privado, atingiu 1,1%. A Dr.ª Marina Gonçalves, sucessora do Dr. Pedro Nuno na pasta, também inventou o programa Arrendar para Subarrendar que tinha como objectivo 320 casas e foi um falhanço total.

O Dr. Costa deveria ter entregado a habitação a uma pianista

Há pouco dias a Dr.ª Gabriela Canavilhas, ex-ministra da Cultura do Eng. Sócrates, actualmente repousando na Fundação Ricardo Espírito Santos Silva, apresentou uma «medida imediata para resolver problema da habitação». Perante a estupefacta audiência em Beja, a Dr.ª Canavilhas revelou que essa medida seria o alargamento «à reabilitação» do IVA a 6% que o governo AD vai aplicar à construção de novas habitações. Infelizmente a Dr.ª Canavilhas não partilhou com audiência como essa medida resolveria o problema da habitação.

Reabilitação impertinente do Dr. Brilhante Dias

Por inúmeras vezes o (Im)pertinências publicou referências muito críticas ao Dr. Brilhante Dias, dirigente e ex-líder parlamentar do PS que, porventura por ter sido vítima de uma inesperada epifania, publicou o artigo «Imigração: o dilema fatal do PS» de onde respigo:

«(…) com os argumentos de que Montenegro fez isto porque estamos em eleições (como se os governos socialistas fizessem diferente) e que trabalha com base em perceções (como se não fossem estas uma base implicante de todas as políticas em qualquer governo como Maquiavel ou Marx bem indicaram), aliou-se, mais uma vez, aos restos das outras esquerdas demonstrando uma ausência absoluta de autonomia estratégica.

Tal decorre do facto de termos no Parlamento um conjunto de deputados, importantes na bancada, que vivem fora da realidade, que não são capazes de ouvir os nossos concidadãos.
»

06/10/2025

Crónica da passagem de um governo (18)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Preços e rendas “moderadas”: um caso exemplar de inabilidade do governo e de estupidez e despudor jornalístico e da comentadoria

Não me ocorre outro tema nos últimos anos que tenha causado discussões, análises e polémicas mais despudoradamente estúpidas do que as relacionadas com este tema. A coisa consiste simplesmente em (1) redução da taxa liberatória de IRS que os senhorios têm de pagar de 25% para 10% nas rendas até 2.300 euros; (2) redução da taxa de IVA de 23% para 6% na construção de habitações até 648 mil euros; (3) aumento do limite à dedução no IRS dos inquilinos de 700 euros por ano para 900 euros em 2026 e 1.000 euros em 2027. Podia e devia-se discutir a eficácia para limitar o aumento dos preços da habitação dos benefícios fiscais resultantes dessas medidas para (1) os senhorios, (2) os inquilinos e (3) os construtores e os compradores.

Em vez disso, a produção jornalística e opinativa (supondo que existe alguma distinção entre estas duas produções) concentrou-se em saber quem “ganhava” mais e se o adjectivo “moderado” se aplicaria aos valores em causa. Mais estúpido é difícil (mas não impossível).

Take Another Plan. A venda da TAP como exercício de pensamento mágico

Segundo o governo, a Lufthansa e a Air France/KLM são os dois principais interessados na TAP e a coisa é apresentada como se as duas estivessem dispostas a um combate mortal para ficarem com o chaço. Não parece que seja assim. A primeira acabou de anunciar 4 mil despedimentos até 2030, o que não prenuncia grande generosidade nas propostas, e a segunda já fez saber que o seu interesse depende de dispor de poder para gerir a TAP, nomeadamente compra de aviões e definição de rotas. O pensamento mágico irá presumivelmente durar até serem conhecidos os termos e os valores das propostas.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Segundo um estudo do ISEG para a CIP (apud), entre 2015 e 2024 a despesa do SNS aumentou 72% de 9 para 15,5 mil milhões de euros, em 2022 os “tarefeiros” realizaram 5,7 milhões de horas (o equivalente a 3.038 profissionais full-time), na última década as horas extraordinárias aumentaram 82% (o equivalente as 11 mil profissionais full-time) e nos dois últimos anos os médicos e os enfermeiros tiveram aumentos salariais acumulados correspondentes a 20% e 11%, respectivamente, ou seja, o equivalente a mais do dobro da inflação no caso dos médicos.

Enquanto isso, o nível e a qualidade dos serviços de saúde degrada-se, apesar do aumento dos recursos utilizados e da correspondente despesa - por exemplo, as chamadas “cirurgias extra” que aumentaram 50% e custaram 620 milhões em três anos. É a isto que costuma chamar-se o resultado de uma gestão incompetente que não se resolve deitando dinheiro em cima dos problemas. Por exemplo, o Hospital Amadora-Sintra que está com tempo de espera nas urgências de mais de 15 horas e enquanto foi gerido em regime PPP teve um desempenho que se degradou após ter voltado à gestão pública por razões ideológicas.

Hoje há excedentes, amanhã não sabemos

Pouca gente parece ter reparado que os tão celebrados excedentes do OE orçamentais se devem inteiramente aos volumosos saldos positivos da Segurança Social. Por exemplo, até Agosto deste ano o saldo da Segurança Social foi 4.408 milhões ou mais 32% do que os 3.340 milhões do mesmo período de 2024 (BdP), comparando com os 2.011 milhões e 524 milhões dos saldos das Administrações Públicas. Como os excedentes da Segurança Social se devem sobretudo aos trabalhadores imigrantes muito mais jovens, cujas contribuições ano passado atingiram 3.600 milhões e representaram 12,4% do total, podemos antecipar o que se passará com cada vez menos contribuintes nacionais e cada vez mais pensionistas nacionais e dentro de algumas décadas um número crescente de pensionistas imigrantes. Se o Chega tivesse uma equipa de actuários capaz de explicar isto ao Dr. Ventura, perder-se-iam as bandeiras da imigração e ficava só a bandeira dos ciganos, que é muito mais barata.

Quereis reformas? Tomai lá!

Por exemplo (seguindo uma ideia de João Silva de Almeida), reduzir o número de ordens profissionais ou de entidades reguladoras dos actuais 240 para um terço, ainda assim ficando acima das 75 profissões reguladas da Suécia e reduzindo o número dos milhares de actos profissionais reservados aos membros dessas ordens.

04/10/2025

The Secretary of War Colonel Tapioca summons the troops of the Peanut Republic, presided over by Anastasio, for indoctrination

«Against the assault of laughter, nothing can stand.»
Mark Twain's "The Mysterious Stranger"

The assault of laughter «can topple dictatorships. On December 21st 1989 Nicolae Ceausescu, Romania’s despot, was addressing a large crowd, many of whom were state employees bused in to wave pro-regime flags. Suddenly, someone jeered. Then the jeers spread, and soon the whole crowd was jeering. Though the censors hastily cut the live television feed, the whole country realised that practically everyone hated the dictator. Four days later Ceausescu was executed by firing squad, and Romania was free.» (source)

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The Secretary of War lectured the generals on restoring the «warrior ethos», transforming the «Woke Department» into the War Department at the expense of fitness and personal hygiene, restoring «male» standards for combat and promotions based on merit rather than diversity, and relaxing both the measures to deter hazing and toxic behavior in the barracks. Basic training would be "redefined as what it should be: scary, rigorous, and disciplined».

The Secretary of War then turned the floor over to the president, who presented the new doctrine which consists of replacing the «ugly» modern stealth warships, and reinstating the old battleships with large-caliber cannons instead of missiles, moving the armed forces at home to help wage «the war from within» against migrants and leftists, and using «some of these dangerous cities as training grounds».

03/10/2025

CASE STUDY: O que nos diz o ranking das escolas de ensino secundário (2)

Continuação de (1)

No post anterior chegámos a duas conclusões: os resultados das escolas privadas são claramente melhores em 2,14 pontos (= 13,50-11,36) e há tendência das piores escolas "compensarem" os seus alunos com uma avaliação menos exigente (a diferença entre as médias de exame e as notas internas de exame é 1,21 pontos nas melhores e 4,90 pontos nas piores).

Vejamos agora no quadro seguinte dois indicadores estatísticos relacionados com a dispersão dos valores das notas de exame e internas. 

Os valores dos desvios-padrão (uma medida da dispersão ou variação em relação à média) são claramente superiores nas escolas privadas, quer nas notas de exame, quer internas (1,69 e 0,88, respectivamente) em relação às públicas (1,08 e 0,62), Já quando à amplitude dos intervalos da variação (diferença entre a nota mais alta e a mais baixa) os valores são muito mais próximos, sobretudo nas notas de exame. Uma explicação possível é que as escolas privadas têm maior heterogeneidade do que as escolas públicas, isto é, coexistem alunos muito bons com alunos fracos ou medíocres.  

O quadro seguinte regista os mesmos indicadores, mas agora na dicotomia entre melhores e piores escolas. 

As piores escolas apresentam maior dispersão das notas (1,29 e 0,77, contra 0,66 e 0,60) e maior amplitude dos intervalos de variação (só há uma escola pública nas 40 melhores e por isso o intervalo de variação é 0). No nível das melhores e piores escolas, a comparação entre escolas públicas e privadas não tem significado, visto que entre as melhores só há uma escola pública e entre as piores só há duas escolas privadas.

O quadro seguinte refere-se ao coeficiente de correlação linear entre notas de exame e notas internas, isto é, à medida da relação linear entre essas duas variáveis. Os coeficientes mais próximos de +1 correspondem a uma correlação perfeita das duas variáveis que aumentam e diminuem em paralelo, os valores negativos mais próximos de -1 significariam que as duas variáveis se movem em sentidos opostos e o valor 0 significaria que as duas variáveis não estão relacionadas. 


Dos valores do quadro, podemos concluir que a relação entre notas de exame e internas é claramente mais fraca no caso das escolas públicas em resultado do factor já identificado no post anterior onde se constatou que as piores escolas "esticam" muito mais as notas dos seus alunos (1,21 pontos nas melhores, aumenta para 4,90 pontos nas piores) e as piores escolas pesam mais entre as públicas.

No próximo post, vamos analisar a influência da localização das escolas nas notas, segmentando notas de exame e  internas e escolas públicas e privadas.

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(Continua)