Usando os dados do «Ranking das Escolas 2024 por escola, concelho ou disciplina no 9.º ano e secundário, com base nas notas dos exames» publicados em Abril pelo Observador (em parceria com a Nova SBE), calculei os valores de alguns indicadores estatísticos para extrair conclusões relativas à dicotomia escolas públicas-escolas privadas, escolas nas grandes regiões metropolitanas e fora delas, quer em termos de qualidade de ensino (ou mais exactamente da qualidade medida pelas notas de exame), quer da tendência para sobrevalorizar as "notas internas".
A primeira evidência é a confirmação de que a média de exame nas escolas privadas é claramente superior à das escolas públicas - no ano lectivo passado a diferença foi de 2,14 pontos (13,50-11,36).
A segunda evidência é, ao contrário da ideia generalizada de que as escolas privadas "esticam" as notas internas mais do que as escolas públicas, que o "esticanço" é mais acentuado nas públicas (3,21 contra 2,24).
Não surpreende, pois, que as escolas privadas dominem entre as escolas com melhores médias de exame - 39 das primeiras 40 escolas são privadas.
Nem surpreende que as escolas públicas dominem entre as escolas com piores médias de exame - 38 das últimas 40 escolas são públicas.
O que pode ser mais inesperado é constatar que são as piores escolas, quer privadas quer públicas, que "esticam" muito mais as notas dos seus alunos. No conjunto, o "esticanço" de 1,21 pontos nas melhores, aumenta para 4,90 pontos nas piores, mantendo-se maior, num caso e noutro, o "esticanço" das escolas públicas.
O que se pode concluir até aqui? Pelos menos duas coisas: melhores resultados das escolas privadas e tendência das piores escolas "compensarem" os seus alunos com uma avaliação menos exigente.
___________
(Continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário