Este post é o quarto de uma série iniciada há 14 anos: (1), (2) e (3).
Secção Tiros nos pés
Completaram-se ontem 3 anos da chacina a sangue-frio de mil e trezentos civis israelitas por um bando de bárbaros. A bandeira em nome da qual foi cometido o crime é ela própria criminosa. A resposta pelas IDF a este crime foi muito dura, mas legítima. Algures em 2023 ou 2024 essa legitimidade foi sendo perdida porque se perdeu o propósito de punir os criminosos e destruir a sua capacidade organizacional e logística para voltarem a cometer os mesmos crimes. Vem a propósito dizer que, apesar de Israel ser uma democracia (defeituosa, acrescente-se), não se deve confundir o Estado de Israel com o seu governo actual, nem, com mais razão, confundir o Hamas com o povo da Faixa de Gaza.
Dirá quem se considera amigo incondicional do Estado de Israel e, na verdade, é apenas adepto incondicional do governo de Netanyahu, que o Hamas poderá recuperar e voltar a atacar Israel e, por isso, a transformação de Gaza num cemitério em ruínas se justifica. E eu respondo: o Hamas recuperará e voltará a atacar com maior probabilidade, violência e suporte popular quanto mais se eternizarem as acções de destruição desproporcionada e injustificada cujo propósito parece esgotar-se em manter o apoio ao governo pelos partidos religiosos extremistas.
Uma das consequências dessa destruição desproporcionada e injustificada é que Israel está a perder muitos dos seus amigos. Três quartos dos países membros da ONU, incluindo recentemente Canadá, Austrália e Reino Unido, três aliados tradicionais de Israel, já reconhecem o Estado Palestino. Sendo certo que é o reconhecimento de uma entidade inexistente e assim continuará com toda a probabilidade, é igualmente certo que tem um profundo significado político.
A esta mudança internacional temos de somar as mudanças internas americanas, como, para dar um exemplo, a da congressista republicana Marjorie Taylor Greene que escreveu
«If America was being bombed day and night because of something horrific our government did, and many innocent Americans and American children were being killed and traumatically injured, and we begged for mercy, but the rest of the world said,
“Americans voted for their government so they deserve it, their government is bad so all Americans are bad, therefore this is what they get and must be done”.
(...) This is what is happening to Gaza where in spite of what we have all been told, many innocent people and children are being killed and they are not Hamas.»
Poderia pensar-se que Marjorie Taylor Greene é uma voz isolada e o apoio do povo americano continua inabalável.
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Não é verdade. Desde logo, o apoio do povo americano nunca foi inabalável e nos últimos anos a atitude em relação a Israel tem-se tornado menos positiva ou mesmo negativa, quer dos democratas quer dos republicanos.
Por isso, repito a avaliação que fiz nos posts anteriores: para Netanyahu e os seus correlegionários, cinco chateaubriands, por estarem convencidos de que o pior para os palestinos é o melhor para Israel, e cinco bourbons por aí continuarem encalhados, nada esquecendo nem aprendendo.
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