Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

22/10/2025

CASE STUDY: O que nos diz o ranking das escolas de ensino secundário (3)

Continuação de (1) e (2)
No primeiro post chegámos a duas conclusões: os resultados das escolas privadas são claramente melhores em 2,14 pontos (= 13,50-11,36) e há tendência das piores escolas "compensarem" os seus alunos com uma avaliação menos exigente (a diferença entre as médias de exame e as notas internas de exame é 1,21 pontos nas melhores e 4,90 pontos nas piores).

No segundo post concluímos que escolas privadas aparentam ter maior heterogeneidade do que as escolas públicas, isto é, coexistem alunos muito bons com alunos fracos ou medíocres e que a relação entre notas de exame e notas internas é claramente mais fraca no caso das escolas públicas.

Vejamos agora no ângulo da localização das escolas se podem ser identificadas relações com o aproveitamento escolar. No quadro seguinte as escolas estão segmentadas em três grandes regiões: os concelhos puramente urbanos de Lisboa e Porto, com níveis de rendimento médio e educacional mais elevados, e os restantes concelhos. 


Em todas as regiões as escolas privadas têm um melhor desempenho e uma menor diferença entre notas internas e notas de exame. Nas escolas privadas do concelho de Lisboa essa diferença (0,96) é claramente muito inferior, menos de metade das escolas privadas do Porto (2,19) e dos outros concelhos (2,45), sugerindo uma necessidade muito menor de "compensação" dos alunos. Diferentemente, nas escolas privadas do Porto a diferença entre notas internas e notas de exame é mais do dobro da diferença em Lisboa (2,19 contra 0,96) e está próxima dos outros concelhos.   

Nas escolas públicas o factor regional não parece ter influência significativa nas notas de exames que variam entre si apenas umas décimas, sugerindo um nivelamento por baixo.  

No quadro seguinte registam-se os desvios-padrão das notas de exame e das notas internas para os mesmos concelhos.   


Os desvios-padrão das notas internas muito mais baixos do que os desvios-padrão das notas de exame em todos os concelhos sugerem que todas as escolas, independentemente do seu estatuto e da sua localização, tendem a "alizar" as notas que atribuem aos seus alunos.
    
No concelho de Lisboa o desvio-padrão mais baixo, quer das notas de exame (1,41) e quer das notas internas (0,49), sugere que o aproveitamento nas escolas privadas tem uma menor heterogeneidade nesse concelho. Nas escolas públicas dos outros concelhos destaca-se o desvio-padrão claramente inferior (1,04) ao de Lisboa (1,62) e do Porto (1,54), confirmando um nivelamento por baixo do ensino público na maioria dos concelhos.

Sem comentários: