Para uma criatura com instintos liberais, como este vosso escriba, é natural ver com simpatia os esforços de Javier Milei para pôr em prática políticas visando emagrecer o Estado dinossáurico argentino e dar aos argentinos liberdade para viverem as suas vidas sem o jugo de uma "casta" extractiva.
Como sempre, os problemas na política não são só, nem principalmente, os fins, são também os meios e os estilos. Qualquer um poderia concordar com o essencial dos propósitos declarados da maioria das organizações políticas, já quanto aos caminhos para os atingir, a coisa fia mais fino.
Esquecendo o estilo que apela perigosamente ao simplismo e à irracionalidade, esses caminhos também no caso do actual presidente argentino estão longe de ser inquestionáveis, como mostram os exemplos aqui citados: a promoção de uma criptomoeda duvidosa que foi um fiasco, as suspeitas de corrupção da sua irmã e do principal candidato que veio a renunciar. Podia acrescentar, com grande ira dos devotos do Sr. Trump, deixar-se apropriar pela direita populista iliberal e em particular pelo trumpismo, com quem tem pouco em comum e a quem foi esmolar um swap cambial de 20 mil milhões para apoiar o peso.
Ainda assim, sendo a política a arte do possível, Milei merece o apoio dos democratas liberais.
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