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05/01/2025

Mitos (347) - Da produção de graduados não nasce o desenvolvimento (4)

Continuação dos posts Da produção de graduados não nasce o desenvolvimento (1), (2) e (3)

mais liberdade

Como mostra o World Talent Ranking, ao contrário da mitologia dominante na narrativa oficial, o Portugal dos Pequeninos (PdosP) não só é pouco atractivo para os profissionais qualificados como a pouca atractividade tem vindo a decair, por várias razões e nomeadamente porque há a noção da carga fiscal excessiva, da pouca atracção para estrangeiros qualificados e porque ainda faz o pleno ao afastar os quadros locais.

Fonte

O quadro fica completo se aos dados World Talent Ranking acrescentarmos os dados do Eurostat de 2023, compilados pelo CoLabor, que nos mostram o que é chamado sobrequalificação e, que com toda a probabilidade, é muito mais qualificação inadequada, ou seja, não se trata tanto de termos doutorados a fazerem de licenciados ou destes a fazerem de bacharéis, mas de licenciados ou bacharéis em ogias que acabam em caixas de supermercado. Repare-se com o tempo a percentagem de "sobrequalificados" vem aumentando em linha com a generalização da ideia da "geração mais qualificada de sempre", baseada na premissa de que quantos mais, melhor, seja lá do que for. Isso mesmo é confirmado pelo facto de a percentagem de sobrequalificados ser mais alta precisamente nos profissionais com menos de 34 anos (22,5%) em relação ao escalão seguinte (13,9%)   

É claro que isto não é uma originalidade porque quase todos os países da UE têm um grau médio de "sobrequalificação" elevado e o PdosP com 16,6% até não fica muito mal no retrato, comparando bem com a média da UE (22%). O problema é que UE também está fortemente infectada pela "geração mais qualificada de sempre" em sintonia com os problemas de inadequação da mão-de-obra e da baixa e estagnada produtividade quando comparadas com as dos EUA.

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