«O espaço não é um lugar muito hospitaleiro. Não há ar. Dependendo se você está sob a luz do sol ou não, está muito frio ou muito quente. Existem perigos mais sutis também. Mesmo quando recebem oxigênio e uma temperatura estável de suas espaçonaves, os astronautas parecem adoecer quanto mais tempo passam longe da Terra.
Passar um tempo em órbita, por exemplo, faz com que ossos e músculos, incluindo o coração, se esgotem. Os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) passam várias horas por dia se exercitando na tentativa de combater esse enfraquecimento, com sucesso apenas parcial. Os níveis de radiação além da atmosfera protetora da Terra e do campo magnético são mais altos do que em sua superfície, o que pode aumentar o risco de câncer.
Um relatório publicado em 22 de outubro pela Guy Foundation, uma organização britânica sem fins lucrativos interessada nas ligações entre física e biologia, acrescenta alguns novos riscos potenciais à saúde para os astronautas se preocuparem. O relatório baseia-se em várias vertentes de pesquisas emergentes para argumentar que voos espaciais de longa duração, ou viver em outros planetas, podem ser ainda mais difíceis para os humanos do que se supunha.
A principal preocupação é o dano que as viagens espaciais parecem causar às mitocôndrias, componentes encontrados em quase todas as células que produzem a energia que alimenta o resto da célula. Em 2020, um grupo liderado por Willian da Silveira, da Queens University, em Belfast, e incluindo pesquisadores da NASA, descobriu que o voo espacial causa mudanças dramáticas na forma como as mitocôndrias funcionam. Eles sugeriram que isso poderia explicar muitos problemas de saúde observados em astronautas, desde dificuldades no sistema imunológico até problemas cardiovasculares. O novo relatório sugere que os astronautas enfrentam algo que parece ser um "envelhecimento acelerado" e que isso está associado à interrupção da produção de energia celular.
O relatório apresenta várias causas potenciais para o mau funcionamento das mitocôndrias. Alguns estão bem fundamentados na ciência existente: a radiação pode danificar as células diretamente, por exemplo. Outros são mais especulativos. A queda livre é um vilão em potencial. O relatório apresenta evidências emergentes de que o arrasto da gravidade terrestre pode ser importante para vários processos celulares. Até as luzes da espaçonave são examinadas. Atualmente, eles não reproduzem todo o espectro da luz solar, particularmente a radiação infravermelha. A luz solar é conhecida por governar o ciclo sono-vigília do corpo e também pode afetar outras funções corporais.
Os pesquisadores também observam uma questão emergente na biologia celular: se a influência do campo magnético da Terra pode ser um fator importante para as reações químicas das quais as mitocôndrias dependem para produzir energia. Nem Marte nem a Lua, dois lugares possíveis para o estabelecimento de colônias espaciais, possuem um campo magnético como o da Terra.»
[Excerto da tradução automática de Space may be worse for humans than thought]