Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

20/10/2024

O "woke" pode estar a começar a adormecer

Os estudos de opinião pública realizados durante 25 anos pela Gallup, General Social Survey (GSS), Pew e YouGov mostram as opiniões "woke" sobre discriminação racial a crescer desde 2015 e a atingiram o pico por volta de 2021. 

Segundo a Gallup, as pessoas que se preocupavam "muito" com as relações raciais representavam 17% em 2014, aumentaram para 48% em 2021 e desceram para 35% no princípio deste ano.

Segundo a Pew, a percentagem de americanos que pensam que os brancos têm mais vantagens na vida do que os negros atingiu o máximo em 2020. 

Segundo a GSS, a opinião de que a discriminação é a principal razão para as diferenças nos resultados das raças atingiu o pico em 2021 e caiu em 2022. Os maiores aumentos e as posteriores maiores reduções da visão "woke" registaram-se entre os jovens e as pessoas de esquerda.


Também no mundo empresarial a visão "woke" parece estar a perder importância no últimos anos. 

Segundo a AlphaSense, as referências às políticas DEI (Diversity, equity, and inclusion) nas "earning  calls" que tinham aumentado cinco vezes em 2020 (ano da morte de Floyd), atingiram o máximo em 2021  e vêm descendo desde então e no segundo trimestre deste ano são apenas cerca de três vezes maiores do que antes do caso Flloyd.

A percentagem de oferta de empregos que mencionam a diversidade continua a crescer mas, apesar disso, o número de pessoas em postos de trabalho relacionados com as políticas DEI estão a diminuir.

Segundo a Revelio, a percentagem desses postos de trabalho em relação ao emprego total em grandes empresas americanas duplicou para 0,02% desde 2016 até 2022 e recentemente essa percentagem caiu 0,018%.

Segundo a Farient Advisors, a percentagem de empresas do S&P 500 que fizeram depender os salários dos chefes das metas de diversidade atingiu 53% em 2022 e desdeu para 48% em 2023.

Esta tendência pode ter diversas causas: a necessidade cortar custos em tempos difíceis, especialmente nas empresas de TI, o receio de serem processados por práticas discriminatórias e também porque as empresas estão a perceber a queda do interesse do público por estes temas.  

Um exemplo notável é o da Budweiser que perdeu o primeiro lugar na venda de cerveja por ter adoptada práticas consideradas demasiado "woke". No entanto, num domínio tão volátil como este nada é definitivo e as opiniões podem mudar rapidamente.



Ruy Teixeira, um cientista político americano de origem portuguesa, acha que «as pessoas um dia olharão para trás, para os anos 2015 a 2025, como sendo um momento de loucura», embora reconhecendo que é duradoura e positiva a tendência dos Estados Unidos para reduzir a discriminação e melhorar as oportunidades de todas a minorias.

Sem comentários: