«Na verdade, tanto nos governos de Lula - sobretudo este Governo atual -, como no Governo de Bolsonaro, o que conduz o país é um casamento entre os interesses do rentismo financeiro, de um lado, e o "pobrismo", do outro. O "pobrismo" é a distribuição de esmolas aos pobres, à massa popular. E o rentismo é a rendição do Governo aos interesses financistas, nacionais e estrangeiros, na suposição inteiramente sem fundamento de que essa rendição aos interesses financeiro levará a um investimento e ao crescimento, e de que o que sobrará do crescimento poderá ser usado para pacificar a maioria popular. Isso nunca aconteceu. Nenhum país no mundo se desenvolveu com dinheiro dos outros ou pela rendição aos interesses financistas. Mas foi isso que tivemos no Brasil: o rentismo financeiro, o pobrismo - e o terceiro elemento são as guerras culturais da direita, que são a imagem inversa da política identitária da esquerda. Ou seja, duas maneiras de evadir dos problemas estruturais do país. O resultado de tudo isto é que, embora o Brasil seja um dos países mais desiguais na História da Humanidade, o nosso problema maior não é a desigualdade. O nosso problema maior é a mediocridade.»
Excerto da entrevista ao Expresso de Roberto Mangabeira Unger, brasileiro e professor de Harvard
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