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22/09/2023

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (7) - Os problemas da habitação são iguais em todo o lado mas há uns mais iguais do que outros

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e (6)

Em vários dos posts anteriores tentei mostrar que as situações particulares dos países e das cidades são diferentes e meter todos no mesmo saco da "crise da habitação" não ajuda nada a perceber o problema de cada uma delas e, portanto, só dá para encontrar soluções do tipo one fits all que no final não servem para nenhuma.

Em 1970 existiam cerca de 2,7 milhões de "alojamentos familiares clássicos" para uma população residente de 8,6 milhões. Trinta e um ano depois os números eram cerca de 6 milhões e 10,3 milhões, respectivamente, e o número de alojamentos por 100 pessoas passou de 31,4 para 58,3.
O diagrama anterior mostra a evolução do mesmo indicador entre 1980 e 2022 em diversos países desenvolvidos, valores que, se em 1980 não eram muito divergentes dos portugueses, nos anos mais recentes estes últimos ultrapassam largamente os de todos os outros países e até os da Alemanha. Sem prejuízo de ser normal existirem diferenças regionais mais ou menos importantes, pelos padrões internacionais não haveria uma razão óbvia para Portugal ter uma profunda crise de habitação, como é a versão geralmente percepcionada.

Será preciso, portanto, procurar as razões particulares que contra toda a evidência podem explicar a essa percepção.

(Continua)

3 comentários:

Afonso de Portugal disse...

Mal posso esperar por ouvir/ler essas razões!...

Entretanto, só queria dizer a população residente em Portugal totalizava, no final de 2022, 10 467 366 de pessoas, segundo o INE:

https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=594879758&DESTAQUESmodo=2

Bem sei que isto não faz grande diferença nas contas, mas parece-me importante que os portugueses tenham consciência que a "nossa" população tem aumentado e muito, contra todos os alarmismos e previsões catastrofistas dos donos disto tudo.

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AfonsodePortugal@YouTube

Anónimo disse...

De acordo com a Pordata a população portuguesa atingiu o máximo em 2010.

Afonso de Portugal disse...

Bem, para começar, os dados da Pordata são transcritos directamente das publicações do INE e muitas vezes são mal transcritos, como se pode verificar na tabela de dados mais recente, em que o valor correspondente a 2022 está errado em -23 124 residentes.

Mas o meu ponto mantém-se: eu não disse que a população residente em Portugal estava em máximos históricos, eu disse que a população residente em Portugal estava a aumentar. E de facto, ela aumentou consecutivamente nos últimos 4 anos, estando apenas a 105 734 residentes dos níveis de 2010.

Com uma agravante: este aumento recente foi conseguido à custa de imigrantes, não de portugueses. Basta ver que, excluídos as pessoas com 45 ou mais anos, a população residente só aumentou na faixa etária entre os 20 e os 34 anos.

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