Depois de lembrar as recomendações de S. Ex.ª em Moçambique de «diálogo com o elefante, troca de impressões com a girafa e um momento mais romântico com os pássaros» e as considerações em pleno curso da barbárie putinesca na Ucrânia sobre o turismo num porto seguro, antevendo reserva «muito boas na Páscoa», reconsiderei e faço um apelo a S. Ex.ª.
Sim, Senhor Presidente, distribua à vontade medalhas pelos militares de Abril, Maio, etc., faça selfies com o resto dos portugueses que ainda faltam e sim, Senhor Presidente, tente ficar calado e, se não conseguir, olhe, fale da meteorologia como fazem os ingleses quando não têm nada para dizer.
Este seu estilo pode ter tido muito apreciado durante uns tempos em contraste com o seu antecessor, mas agora está esgotado, é inadequado nos tempos difíceis que se anunciam e com a maioria do PS está a ajudar S. Ex.ª a caminhar para a irrelevância, como se viu com a composição do governo que só chegará a Belém depois de ter passado pelas televisões.
2 comentários:
Vá lá... Entrem na realidade. Façam como Francisco José Viegas com o melhor post acerca de Vladimir Vladimirovitch Putin.
"Anfiteatro Anatómico ¶ Um cozinheiro russo.
por FJV, em 27.02.22
Fanni Kaplan estivera em Simferopol, na Crimeia, antes de rumar a Moscovo para assassinar Lenine – e, por ter falhado, ser executada na madrugada seguinte numa garagem das traseiras do Kremlin. Há um pormenor lírico no meio disto: a polícia ordenou ao poeta Damian Bedni que estivesse presente durante a execução a fim de traduzir em verso a eliminação de uma inimiga do povo. Era mau poeta e nunca versejou sobre o assunto. Mais tarde, Lenine chamar-lhe-ia “vulgar” e até “pornográfico”, o que era um juízo inesperado acerca de um “poeta do campesinato” que seria depois suspeito e silenciado até à invasão nazi da URSS. Uma das acusações sobre Bedni era a de não exaltar suficientemente Estaline e de criticar a existência de “galinhas coletivas”.
Seja como for, Fanni Kaplan falhou o seu objetivo, mas Lenine (que, de qualquer modo, se habituara a ser alvo de atentados falhados) nunca recuperou totalmente e passava pequenas temporadas em Gorki, não longe de Moscovo, numa dacha que em tempos tinha pertencido aos Morozov, uma das mais ricas família do império, ligada aos texteis. Para quem, como Lenine, praticava uma espécie de ascetismo gastronómico (Vladimir Ilitch tivera sempre um estômago delicado, atreito a maleitas e habituado a dieta) que se satisfazia com refeições de chá, sopa, pão escuro e queijo, Gorki tinha uma novidade: além dos guarda-costas e de Nadejda Krupskaia, a mulher, havia um cozinheiro, Spiridon Ivanovich Putin. Não se lhe conhece nenhuma especialidade, nenhuma criação no fogão – apenas uma lealdade silenciosa junto do líder do Sovnarkom, o Conselho do Comissariado do Povo da União Soviética, o “maior ser humano da nossa nova era”, como lhe chamou Trotsky, que teve o destino que teve.
Cem anos depois, o neto de Spiridon Putin, Vladimir Vladimirovitch – é o que sabemos. Mas se eu tivesse de eleger um personagem seria ele. Sopa de beterraba, repolho com maçã, talvez golubtsi (couve recheada com carne) e a leitura do Pravda. Nada que Vladimir aprecie.
Abraço e juízo
"É natural,e agora vamos lanchar."----resposta à saída do pátio da galé no contexto de uma pergunta ao sr primeiro não sei què a propósito da azia do inquilino de belém.cascais por ter tido conhecidmento do elenco desgovernativo pelos média.Siga o circo que isto não é só guerra.
Enviar um comentário