O PAN propôs a suspensão do projecto da linha circular do Metro de Lisboa, aprovada com os votos de PSD, Bloco, PCP e Chega, com o propósito de ser comparada com a alternativa da extensão até Alcântara. Ao que o PS protestou com as aldrabices do costume: os rios de dinheiro que se perderiam com indemnizações aos empreiteiros e outros custos resultantes da suspensão de um projecto que ainda nem está concluído, não existe obra, nem sequer contratos.
Tudo isto passa ao lado do mais importante que seria prolongar a rede de metro para cobrir a zona metropolitana de Lisboa oferecendo aos habitantes dos subúrbios alternativas aceitáveis à utilização dos 370 mil carros que entram diariamente em Lisboa, em vez de afundar dinheiro para os urbanitas alfacinhas andarem a circular dentro de Lisboa.
A mercearia orçamental
Além das suspensão do projecto da linha circular do Metro de Lisboa, o debate parlamentar do orçamento foi uma oportunidade não desperdiçada para demonstrar aos cépticos a vacuidade da actividade da Assembleia da República que poderia ter inspirado a Otto von Bismarck a boutade que lhe é atribuída «quanto menos o povo souber como são feitas as salsichas e as leis, mais tranquilo dormirá». Em resumo, foi uma demonstração das habilidades do Dr. Costa e da sua generosidade que distribuiu a pedido da "oposição" benfeitorias ao povo, tais como um cheque de 100 euros para comprar bicicleta e creches gratuitas para 56 mil crianças.
O Estado Sucial como máquina de extorsão
É claro que tudo na vida tem um preço e por isso a «UTAO diz que carga fiscal é "ainda maior" do que o previsto»? Qual é o problema? Manda-se o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais anunciar «uma grande baixa de impostos». Quando? No próximo ano. No próximo ano? Sim, no próximo ano, quando os eleitores já se tiverem esquecido, como se esqueceram da página da austeridade virada e das muitas outras tretas do Dr. Costa.
Ainda não é o mafarrico, mas já se sente o cheiro das brasas
No ano passado as exportações crescerem 3,6% e as importações cresceram 6,6%. Em consequência, o défice comercial de bens aumentou 2,8 mil milhões de euros para 20,4 mil milhões de euros, o que nos trás de volta aos anos pré-resgate: 24,0, 18,2 e 19,5 mil milhões de euros foram os défices de 2008 a 2010. A diferença é que hoje temos, por enquanto, o turismo para adiar o desastre.
As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu
É costume os economistas dizerem que tudo quanto sobe um dia vai descer. Tudo não. Quase tudo. A dívida pública portuguesa, por exemplo, voltou a aumentar 600 milhões de euros em 2019 para atingir quase 250 mil milhões no final do ano. Há quem lhe chame uma bomba relógio, mas deve ser exagero. Pelo menos o Dr. Centeno aparenta tranquilidade, talvez por já ter a cabeça no BdP.
«Em defesa do SNS, sempre»
Por falar na página da austeridade "neoliberal" que o Dr. Costa virou, o equipamento de radioterapia do IPO que custou 3 milhões está parado por falta de licenciamento e os reembolsos pendentes da ADSE atingem 700 mil euros
A família socialista tem imenso jeito para o negócio
O Dr. Vitorino, como qualquer socialista que se preze, tem uma consultora que trabalha preferencialmente para Estados a caminho do socialismo ou para empresas desses Estados. No caso do Dr. Vitorino, a empresa que tem a meias com sua esposa recebeu, entre 2012 e 2016, 255 mil euros, quase um terço da sua facturação, da Morodo Abogados, investigada em Espanha por suspeitas de participar num esquema de corrupção que envolve a petrolífera estatal venezuelana, a PVDSA - a antiga vaca leiteira do socialismo chávista, agora exaurida.
L’État c’est moi
Interrogado pelo juiz sobre o seu papel no caso de Tancos, o Dr. Costa respondeu por escrito e resolveu publicar as respostas que estavam abrangidas pelo segredo de justiça na sua conta do Twitter. Como as respostas eram muito compridas e não cabiam no Twitter, resolveu publicá-las no seu blogue. Foi nessa altura que se lembrou que não tinha blogue e mandou prantar a prosa num sítio do governo.
O estado do Estado Sucial administrado pelos socialistas
Segundo o ex-ministro da defesa Azeredo Lopes, agora a ser julgado pelas aldrabices de Tancos, desapareceram dossiers inteiros do ministério da Defesa ou, para usar a sua linguagem colorida, «há talhões inteiros de informação que desaparecem». Ficámos assim a saber que no Estado Sucial desaparece quase tudo desde as armas até aos papéis.
A única coisa que não desaparece são os lugares para alojar social-apparatchiks, os quais, ao contrário, crescem como cogumelos depois da chuva. Como na CP, onde foram nomeados 124 (cento e vinte e quatro) directores e adjuntos para 18 departamentos, de onde um socialista extrairia a conclusão de que na CP nem tudo corre mal e é ineficiente, já que todas as nomeações foram feitas em apenas duas reuniões.
Talvez porque na Infraestruturas de Portugal ainda não houve tempo para nomear um cento de directores e adjuntos, um sexto das estradas e das ferrovias estão em mau estado, segundo o Tribunal de Contas, Tribunal que, a continuar assim, ainda vai ser declarado pelo Dr. Costa uma força de bloqueio.
Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei
Era preciso fazer qualquer coisa para aplicar o princípio em epígrafe, tão caro aos socialistas. Para isso, a PGR que nos deixou o governo "neoliberal" constituía um desagradável obstáculo. A primeira coisa a fazer foi feita: evitar a recondução de Joana Marques Vidal, com a preciosa ajuda de S. Ex.ª o prof. Marcelo e substituí-la por uma outra personalidade mais adequada à defesa do regime. Agora a nova Procuradora-geral emitiu uma directiva adoptando um conveniente parecer do Conselho Consultivo no sentido de que «os procuradores estão obrigados a cumprir e as ordens dadas pela hierarquia e estas nem sequer devem estar nos respectivos processos». Voltamos assim aos tempos do Dr. Pinto Monteiro e há quem diga, como o juiz Rui Cardoso, que «o Ministério Público português morreu como magistratura». Que seja, é uma morte necessária a bem do socialismo.
A solução dos socialistas para as falhas do socialismo é mais socialismo e mais Estado Sucial
Há problema de habitação? O ministro respectivo, líder da corrente pedronunista e auto-nomeado delfim do Dr. Costa, propõe-se «uma tarefa hercúlea em Portugal» edificar um parque público de habitação, tarefa que certamente será atribuída a uma CP da habitação que para começar nomearia uns centos de social-apparatchiks.
Enquanto um putativo sucessor se propõe tarefas hercúleas nacionais, o outro - o Dr. Medina, o verdadeiro sucessor do Dr. Costa, primeiro na câmara e mais tarde em todo o país-, propõe-se prosaicamente resolver o problema habitacional em Lisboa convencendo os senhorios a alugar à câmara apartamentos T0 no máximo a 450 euros, T1 a 600 euros, T2 a 800 euros, T3 a 900 euros e T4 a 1000 euros. Já estou a ver os senhorios dos bairros da lata a fazerem bicha à porta do Dr. Medina a oferecerem-lhe apartamentos.
No intervalo de receber os senhorios, o Dr. Medina aprova planos para transformar o centro de Lisboa num parque de diversões para turistas e na residência da nomenclatura do regime, que poderá receber até 10 visitantes por mês desde que se disponha de uma app para informar a matrícula do veículo do visitante (juro que é verdade).
1 comentário:
Já escrevi (e segundo P Pilatus, Quod scripsi, scripsi) que as Segundas-feiras são o dia 'de eleição' para vos visitar.
Eu até fico bem disposto com a vossa verve.
Até a Óropa acabar com os Éros...
Aí valha-me um cambista.
Abraço
Enviar um comentário