«Dito isto, parece-me inquestionável que cabe ao Partido Socialista a maior quota de responsabilidade pelos maus resultados da governação do país, nomeadamente a partir dos governos de António Guterres. Seja porque foi o PS que esteve mais tempo no governo, seja porque foi no PS que se desenvolveu um modelo de poder endogâmico e pouco democrático, isto é, um casamento quase perfeito entre a cúpula partidária e os interesses económicos e outras instituições da sociedade, mais ou menos secretas, como seja a maçonaria e o Opus Dei, secretismo que entrou na cultura do partido até aos nossos dias. (...)
Depois do enorme desastre político, económico, financeiro, social e ético dos governos de José Sócrates, temos o governo do PS de António Costa, que tem sido um fiel continuador dos governos anteriores do PS. Digo-o com tristeza mas com uma forte convicção, ainda que saiba que, como aconteceu com os governos de José Sócrates, muitos portugueses se tenham deixado iludir outra vez, seja pela propaganda, seja pela aparente recuperação económica – ainda que reconheça da parte do atual governo um maior rigor nas contas públicas, porventura por força da União Europeia e porque também não existe alternativa possível em vista da dívida do Estado.
O Partido Socialista de hoje não é uma cópia exata do PS do último quarto de século, mas é certamente o seu fiel continuador. Existe a mesma tentação de controlo sobre o sistema político e o Estado e têm crescido as formas de controlo sobre a sociedade, o que é favorecido pela ideologia estatizante dos restantes partidos que formam a geringonça. Há a mesma navegação à vista, agora ainda mais atrabiliária por força das contradições entre os partidos da maioria. Cresceu a endogamia dirigente, agora através de um círculo restrito de familiares e de amigos, nuns casos mais desgastados por muitos anos no poder e noutros escolhidos pela sua fidelidade ao chefe e não pelas suas qualidades e experiência, resultando em seguidores acríticos e frequentemente incompetentes.(*) O ex-ministro Pedro Marques, agora cabeça-de-lista ao Parlamento Europeu, representa bem esta nova juventude partidária chegada ao governo, que alia uma perigosa ignorância ao desejo de poder, com as mesmas qualidades para a propaganda e para a mentira e a mesma incapacidade para o debate e para a critica.»
Defender a democracia – recusar a geringonça, Henrique Neto no Jornal i
(*)
Exemplo da exclusão de quem não faz parte do círculo restrito de familiares e de amigos: «Francisco Assis demite-se de cargo europeu após ser impedido de falar pelo PS»
Exemplo de protecção pela fidelidade ao chefe: «O tribunal já pediu três vezes ao Parlamento que levante a imunidade a José Magalhães, arguido num processo. O deputado do PS Pedro Delgado Alves está incumbido do parecer mas ainda não fez.»
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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13/03/2019
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (178) - Com algumas excepções
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