Qualquer alma atenta à (in)sustentabilidade da Segurança Social tinha obrigação de perceber que, mais cedo que tarde, seria impossível pagar aos 3,6 milhões de pensionistas, que têm agora menos de 1,3 activos cada um a contribuir para a sua pensão, promessas maiores do que há cinquenta anos quando ainda havia mais de 20 activos a pagar para cada pensionista.
Seja por desatenção, seja pela proverbial dificuldade dos tugas em lidar com números, seja por outra razão, a coisa foi sendo enfiada para debaixo do tapete com 4 ou 5 reformas do sistema que seriam para valer pelos próximos cinquenta anos e se ficaram pelos cinco seguintes.
Contudo, pelo menos desde o MoU, assinado há 3 anos pelo governo de José Sócrates, toda a gente deveria estar consciente que em termos reais as pensões teriam de ser reduzidas e a idade para a reforma aumentada. Sobretudo as criaturas que se indignaram e se manifestaram contra essa medida.

Já quanto aos políticos de esquerda latu sensu (os de direita latu sensu bem gostariam de os imitar mas estão no governo e foram atropelados pela realidade), percebe-se melhor porque o negócio deles é a mistificação dos eleitores que gostosamente se deixam mistificar.
Por tudo isso, atribuo ao secretário garganta-funda 5 chateaubriands por ter confundido os jornalistas com gente amante do rigor e da verdade, outros 5 às corporações que confundem o interesse da parte com o interesse do todo dos seus representados e 5 bourbons aos jornalistas de causas, opinion dealers e políticos que mistificaram o tema por fazerem o que sempre fazem. Aqueles, poucos, de entre eles que compreendem verdadeiramente o que está em causa levam 5 ignóbeis.
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