Ferreira Machado é director da Nova School of Business and Economics e escreve regularmente no jornal SOL. Esta semana abordou o tema da mitologia da concertação social pondo a nu dois factos que explicam o verdadeiro papel desta tão celebrada instituição do estado social.
O primeiro facto é a taxa de sindicalização do sector empresarial privado ser pouco mais de 10% e tudo indica os sindicalizados serem sobretudo trabalhadores das maiores empresas. O segundo facto é que as associações empresariais representam sobretudo essas mesmas maiores empresas. Estes dois factos têm várias consequências:
- As microempresas e as PME que estão a mostrar maior dinamismo e a criar emprego não estão representadas;
- Os interesses laborais representados são os dos trabalhadores com remunerações mais elevadas;
- Os desempregados e os que procuram activamente trabalho ou lançar um pequeno negócio não estão representados.
- Por via das portarias de extensão, só agora suspensas, os contratos colectivos negociados pelos sindicatos que representam 10% dos trabalhadores têm influenciado 90% dos contratos de trabalho, em empresas e sectores sem condições para pagarem a bitola das maiores empresas e continuarem competitivas;
- As associações empresariais cujos associados pagam acima ou muito acima do salário mínimo têm defendido o seu aumento com um propósito que só pode ser o de criar uma barreira artificial à entrada de concorrentes sem capacidade para pagar salários mais elevados.
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