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18/03/2014

Pro memoria (166) – O défice estrutural de memória das luminárias nacionais (III)

Continuação de (I) e (II).

Ainda a propósito do manifesto apelando à reestruturação da dívida, vários comentadores evidenciaram as notáveis contradições e reviravoltas dos notáveis signatários (incluindo os que não assinaram mas declararam que assinariam) nos últimos 3 anos nas suas visões sobre a dívida. Aqui vão algumas de entre as melhores, não por acaso todas de blasfemos:

  • João Cravinho, «o inventor das PPP rodoviárias é o promotor do manifesto a favor pela reestruturação da dívida» (aqui);
  • O mesmo Sevinate Pinto que assinou um manifesto por um orçamento equilibrado assina agora o manifesto para não pagar a dívida (aqui);
  • «O João Galamba agora assina manifestos onde se afirma que a dívida prejudica o crescimento. É o mesmo João Galamba que em 2009, num outro manifesto, pedia mais investimento público criado por dívida» (aqui);
  • «Reestruturar uma dívida significa pagar um preço em miséria», José Sócrates (aqui);
  • O downgrade da Moody’s (devido ao elevado risco de default) era há 3 anos «incompreensível como sempre, incoerente e não justificada» para o professor José Reis (aqui);
  • Depois de 3 anos a faltar de alternativas à austeridade, Pacheco Pereira descobre que a única «alternativa» é não pagar a dívida (aqui);
  • Também há 3 anos, Daniel Oliveira amaldiçoava pela mesma razão as agências de rating e agora considera a dívida impossível de pagar (aqui).


Vá-se lá saber porquê, agora que acabei de citar os comentários de pessoas inteligentes sobre os notáveis signatários também eles talvez pessoas inteligentes ou honestas (cortar um dos atributos) lembrei-me daquele celebrado pensamento postulando que «pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas normais falam sobre coisas, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas», pensamento cuja falácia em tempos aqui tentei demonstrar teoricamente e que agora tem a sua demonstração prática.

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