Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

08/10/2004

TRIVIALIDADES: Se o ridículo fosse mortal, o país estaria juncado de cadáveres.

Haverá país para além do professor Marcelo? Talvez não. A nação interroga-se sobre a alegada censura (não é certo que exista) do alegado primeiro ministro (não é certo que exerça).
O professor Anacleto Louçã acusa o governo de «delírio antropofagista, em que a maioria se come a si própria». Preso por ter cão e preso por não ter. Não é verdade que os Anacletos defendem o direito de se comerem uns aos outros? Se eles podem, não poderá o governo?
O camarada Bernardino Anacleto Soares, queixa-se que «para qualquer democrata, deve ser preocupante a capacidade demonstrada por este Governo de influenciar um grande órgão de comunicação social». Terá ele em mente a democracia cubana ou a democracia norte coreana?
O presidente da República desdobra-se em contactos. Fala com o professor Marcelo. com o doutor Santana, e, várias vezes ao dia, com a doutora Maria José.
O doutor Sarmento não comenta e deixa-nos a roer as unhas. Só diz que «não houve pressões».
O professor Aníbal, ao acordar da sua sesta na vivenda Mariani, declarou que estamos «perante um caso muito, muito grave».
O doutor António Luís Marinho cita Cavalcanti:«O homem com responsabilidade política não mente. Inventa a verdade».
Já tudo foi dito? Ainda não. Falta dizer que o professor Marcelo foi tão sujeito a pressões como a minha prima Albertina quando ofegava ao ouvido do namorado: Amâncio amansa-o, amansa-o Amâncio. Tal como a minha prima Albertina, o professor Marcelo estava danado para aproveitar uma oportunidade que o nervoso e a incompetência do governo, mais cedo do que tarde, lhe iria oferecer. Não a incompetência governativa, que essa o doutor Santana vem esbanjando todos os dias, mas a incompetência mediática - único domínio onde ainda se supunha que o governo poderia contar com talentos vários. Supunha-se mal, como se poderia ter adivinhado pela gestão mediática desastrosa do caso Barco do Aborto pela luminária da manipulação comunicacional - doutor Portas.

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