De cada vez que os histerismos do jornalismo sensacionalista ou do jornalismo de causas (os dois frequentemente inextricáveis) produzem estridências à volta das crianças abusadas pelos pais, surgem imediatamente projectos de novas leis, comissões, organismos, medidas, planos para educar, controlar ou substituir pais relapsos.
De caminho metem-se no mesmo saco questões do foro criminal, actos de criaturas marginais, com a criação da prole por pais comuns - normais no sentido estatístico. É à criação da prole por pais normais que me refiro, por agora.
Uma das fábulas favoritas do politicamente correcto (PC) é a de que a educação das crianças é um assunto demasiado sério para ser deixado aos pais. Previsivelmente, um dos defensores da tese é Hillary Clinton. Não se chega a saber se estes emplastros acreditam, de facto, na fábula - caso em que estamos perante uma questão de idiotia - ou se simplesmente usam a tese como mais uma «conclusão científica instrumental» para à justificação dum papel ainda mais sufocante do estado na educação dos nossos filhos.
A observação dentro do círculo de relações pessoais de cada um indicia que existiu, existe e existirá uma certa proporção de pais substancialmente incompetentes. Mas, na sua maioria, os pais costumavam desobrigar-se da função com um módico de competência paternal. Sobretudo quando não pensam muito no assunto, amam os filhos e seguem o instinto. Ao contrário, quanto mais obsessivos (e ansiosos) os pais se mostram mais incompetentes se revelam.
O mais elementar senso comum levaria, portanto, a desconfiar das teses do PC. Todos nós já fomos, durante algum tempo, filhos e, numa proporção cada vez vez menor, somos ou seremos pais. Os nossos pais, os pais dos nossos pais, e por aí fora, não tiveram qualquer educação especial para serem pais. O instinto, o exemplo, algumas regras sociais elementares foram, são e serão suficientes para cumprir um papel que espécie exige de nós ou quase todos nós - os que herdaram a homossexualidade estão dispensados.
As crianças, ao contrário do que acreditam os emplastros, são seres razoavelmente resistentes e flexíveis, capazes de sobreviver a muitas asneiras paternais bem intencionadas. Elas são mais «fault tolerant» do que um servidor da Cisco.
Uma leitura recomendável: «The myth of 'infant determinism'» no Spiked online.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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