Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

15/10/2004

SERVIÇO PÚBLICO: Imagine que fechamos. (ACTUALIZADO com foto de Anacleto La Fontaine)

«Imagine que fechamos Marcelo Rebelo de Sousa a criticar o Governo, o presidente da Media Capital, que tem negócios com o Governo, e o ministro dos Assuntos Parlamentares a acusar Marcelo de fazer comentários de ódio ao Governo. Aparece um ovo e é corrido o professor Marcelo. Quem é que pôs o ovo, senhor primeiro-ministro?», interrogava-se (via O Anacleto) ontem o professor Anacleto Louça na veneranda assembleia de República.
Resposta: não se sabe quem pôs o ovo. Só se sabe que o ovo, servindo de complemento a uma vichyssoise, foi comido pelo professor Marcelo.

M. Anacleto La Fontaine raconte chez le poulailler la fable «La Poule aux oeufs d'or»

«Militares da GNR Internados por Recusarem Cortar Erva» titula o Público (via Blasfémias), explicando que «os praças apresentaram atestados médicos civis alegando incapacidade psicológica e os clínicos militares aceitaram a justificação mas, entretanto, a psiquiatra responsável foi de férias e, como alegadamente só ela lhes poderá dar alta, permanecem no hospital.»
Imagine que fechamos os praças a protestar, a psiquiatra regressada de férias e o comandante da GNR. A relva aparece cortada. Quem a cortou ? Resposta: a relva foi comida pela vaca marsupial pública.

«É aqui que se vai abrir o espaço para aquilo que é uma das ideias obsessivas de Derrida: a desconstrução é afirmativa, é a mais alta celebração da vida, é a espera do inaudito, é um messianismo sem messias», escreveu, entre imensas outras aleivosias, o doutor Eduardo Prado Coelho (citado pelo Jaquinzinhos).
Imagine que fechamos Derrida, o efabulante doutor Coelho e o filósofo professor Carrilho. Derrida aparece morto. Quem é o assassino? Resposta: ninguém. Derrida foi vítima de um cancro desconstrutivista.

«Venda do fundo da CGD ameaça derrubar Bolsa», explica-nos o Jornal de Negócios.
Imagine que fechamos um ministro «neo-liberal», dirigentes sindicais «socialistas» e a doutora Cardona. Aparece nacionalizado o fundo de pensões privado de 2,5 mil milhões de euros (1,8% do PIB). Quem é a favor e quem é contra? Resposta: nunca se sabe.

«Europa está dominada por los maricones» escreveu elMundo(via Marretas), citando o ministro dos estrangeiros italiano Mirko Tremaglia, a propósito do chumbo por delito de opinião de Rocco Buttiglione.
Imagine que fechamos o indigitado comissário da justiça Rocco Buttiglione, o indigitado comissário do comércio Peter Mandelson e o namorado deste último (um brasileiro que ele conheceu quando foi fazer turismo gay ao Brasil). O namorado aparece grávido. Quem é o pai da criança? Resposta: Alexandre Frota. O namorado tinha passado um fim de semana na Quinta das Celebridades.

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