A Visão desta semana, que folhei distraidamente enquanto tomava o pequeno-almoço, dedica talvez um quarto das suas páginas úteis ao folhetim do professor Marcelo.
O que tem este folhetim a ver com a liberdade de expressão? Não tem nada. Ou terá? Terá a ver com a liberdade dum pateta qualquer dum ministro qualquer exprimir publicamente uma qualquer patetice? Terá a ver (talvez) com a liberdade dum presidente ingénuo? (Que outra coisa pode ser quem dá uma abébia destas ao criador de factos políticos? - remember?). Um presidente dum grupo de média não pode tentar convencer um comentador, a quem paga, a evitar contundências que podem ofender os seus negócios?
Quem vê neste folhetim um atentado à liberdade de expressão propõe o quê? Que se silenciem os ministros patetas e os presidentes ingénuos? Que se suprima a sua liberdade de expressão? Em nome de quê? Em nome dum político, com ambições políticas, em comissão de serviço como comentador, continuar usar um púlpito de que ele abdicou voluntariamente? Um político que já tinha e tem, desde então, 24h/dia 7d/semana, dezenas de microfones e câmaras ansiosas por gravar todos os dislates que lhe apetecer dizer, mas que optou por ficar calado. Um político que, se fosse comentador independente sincero amante da liberdade de expressão, teria escolhido usar o seu último programa no domingo seguinte para, perante uma audiência de 2 milhões, denunciar as «pressões» que o governo, por interposta pessoa do cunhado da sua namorada, teria alegadamente feito para calar a sua voz incómoda.
Honra seja feita ao professor Marcelo que, uma vez mais, mostrou talento bastante para pôr as elites deste país a babarem piedade ou a espumarem raiva, conforme o caso. Sempre há uma esperança que sejam só as elites a masturbaram-se: o site da Visão mostrava, dos quase 10.000 respondentes à pergunta «Na sua opinião, houve, ou não, pressões do Governo para tentar silenciar o Professor Marcelo Rebelo de Sousa?», 51% respondem «Nem pensar» e 22% «Talvez não».
Haja deus. Porquê pessoas inteligentes e cultas dissipam as suas meninges nas duas últimas semanas a dissecar o folhetim? Bom, para mim, que já escrevi meia dúzia de posts sobre o tema, tenho uma explicação. Mas cadê o leitmotiv das luminárias?
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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