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12/10/2004

DIÁRIO DE BORDO: O discurso das promessas - tudo como dantes, quartel general em Abrantes.

O doutor Santana Lopes mostrou ontem na sua comunicação ao país que é aquilo que todos esperam que seja: um santo milagreiro. O seu governo vai aumentar os funcionários públicos e as pensões, reduzir o IRS e, milagre supremo, conter o défice. Vai ainda pagar as dívidas do estado e, outro milagre, não vai aumentar a dívida pública. Não disse, mas supõe-se, vai manter o exército de dependentes da vaca marsupial pública. Não disse, nem nunca diria, que vai manter a presença sufocante deste estado omnipresente e omnipotente a fazer de conta que cuida dos portugueses.

Há alguma novidade nisto? Nenhuma. O doutor Santana Lopes inscreve-se numa muita antiga tradição da política portuguesa e o seu retrato entra numa comprida galeria, imediatamente a seguir ao do engenheiro Guterres (o doutor José Barroso aka Durão Barroso não teve tempo de ser retratado para esta galeria). Na verdade, quase todos os seus antecessores usaram o estado como uma máquina de distribuir benesses e sinecuras com vista à sua perpetuação no poder. Nem mesmo o professor Oliveira Botas Salazar, um velho manhoso e forreta, escapou - ao contrário do que dizem os seus admiradores. Apenas administrou com muito mais competência e contenção a distribuição de tais benesses e sinecuras - sem esquecer que uma ditadura ajuda muito para conter os pedintes nos limites da pedincha.

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