O doutor Santana Lopes mostrou ontem na sua comunicação ao país que é aquilo que todos esperam que seja: um santo milagreiro. O seu governo vai aumentar os funcionários públicos e as pensões, reduzir o IRS e, milagre supremo, conter o défice. Vai ainda pagar as dívidas do estado e, outro milagre, não vai aumentar a dívida pública. Não disse, mas supõe-se, vai manter o exército de dependentes da vaca marsupial pública. Não disse, nem nunca diria, que vai manter a presença sufocante deste estado omnipresente e omnipotente a fazer de conta que cuida dos portugueses.
Há alguma novidade nisto? Nenhuma. O doutor Santana Lopes inscreve-se numa muita antiga tradição da política portuguesa e o seu retrato entra numa comprida galeria, imediatamente a seguir ao do engenheiro Guterres (o doutor José Barroso aka Durão Barroso não teve tempo de ser retratado para esta galeria). Na verdade, quase todos os seus antecessores usaram o estado como uma máquina de distribuir benesses e sinecuras com vista à sua perpetuação no poder. Nem mesmo o professor Oliveira Botas Salazar, um velho manhoso e forreta, escapou - ao contrário do que dizem os seus admiradores. Apenas administrou com muito mais competência e contenção a distribuição de tais benesses e sinecuras - sem esquecer que uma ditadura ajuda muito para conter os pedintes nos limites da pedincha.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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