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10/01/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (48b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 48a)

Os portugueses têm aquilo que pedem (e que talvez mereçam)

Uma sondagem para o Expresso sobre a habitação mostra a quase unanimidade dos portugueses (90%) considera existir uma crise de habitação em Portugal, o que só por si não diz muito por que se perguntassem se existe crise num outro qualquer sector as respostas seriam provavelmente as mesmas visto que os portugueses vivem em crise desde o surgimento do Reino de Portugal ou, o mais tardar, desde o desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir.

Dizem mais sobre o estado actual dos portugueses as soluções preferidas para essa crise, em particular “aumentar o investimento público em habitação” (89%) e “introduzir limites máximos ao valor das rendas” (85%). O facto dessas soluções terem sido ou um fracasso, a primeira, ou estarem na origem da desertificação da cidade de Lisboa entre os anos 60 e 80 e da degradação do parque habitacional, a segunda, comprova que o Dr. Costa quer dar aos portugueses aquilo que os portugueses esperam.

O inferno está cheio de boas (e más) intenções. Mais uma avaria no elevador social

Os estudantes pobres que entram há universidade, seja lá o que for ser pobre, são evidentemente uma minoria dos pobres de onde, se admitirmos que o talento não está vedado aos pobres, resulta fatalmente um desperdício de talento. Perante isto, podem ser adoptadas várias políticas de bolsas e incentivos para mitigar os efeitos nocivos de um elevador social cada vez mais avariado e dar a esses alunos uma melhor preparação e os apoios para concluírem a sua graduação. A última coisa que deve ser feita é adoptar medidas que “facilitem” os critérios de selecção, isto é, políticas de discriminação “positiva” que podem aumentar o número de graduados pobres, mas lhes desgraçarão os seus futuros profissionais. Não por acaso, parece ser isso que o governo socialista do Dr. Costa se propõe fazer.

As métricas socialistas melhoram o desempenho

Pior do que essa discriminação positiva que afecta sobretudo os mais pobres, é a degradação dos níveis de exigência que afecta todos para obter melhores resultados e camuflar as deficiências do sistema de ensino, como o que este governo tem feito para depois concluir que se no ano lectivo de 2014-5 apenas 65% dos alunos terminaram o 3.º ciclo em três anos, no ano lectivo 2018-9 essa percentagem foi 87%. Se no limite os exames forem abolidos, como alguns defendem, essa percentagem pode atingir 100%.

Uma bazuca que dispara tiros de pólvora seca

Tomemos nota que o PRR, isto é, o Plano de Recuperação e Resiliência que «visa implementar um conjunto de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado, após a pandemia, reforçando o objetivo de convergência com a Europa, ao longo da próxima década» inclui como “investimentos” as obras de conservação e restauro no Convento de Cristo, em Tomar. Não nos espantemos mais tarde ao constatar que esta bazuca do Dr. Costa é mais um expediente para injectar dinheiro numa economia dependente e pouco produtiva para a manter na mesma.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Depois do brilharete de redução de 6,1 mil milhões em Outubro, a dívida pública apenas desceu 500 milhões em Novembro devido ao aumento de 1,7 mil milhões da subscrição de certificados de aforro, em parte por uma boa razão que é a de substituir dívida externa por dívida interna, com a vantagem de aumentar a poupança. Seja como for, com um rácio de 115,1% do PIB em Novembro, estamos longe de alcançar o objectivo de 110,8% no final do ano que só será atingido com as manobras do costume à custa da redução dos depósitos em bancos.

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas

A última emissão de 3 mil milhões de OT a 15 anos foi colocada a 3,6%, uma yield que se aproxima do normal para um Estado altamente endividado.

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