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07/12/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (62) - Em tempo de vírus (XXXIX)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Temos estes princípios. Se não gostarem temos outros

Depois ter tentado sem sucesso seduzir o grupo de Visegrado para não travarem a bazuca em troca da neutralidade face aos atropelos ao Estado de direito na Hungria e na Polónia, o Dr. Costa fez mais uma das suas acrobáticas cambalhotas e passou a admitir a exclusão desses países, com grande felicidade do Sr. Macron a quem o Dr. Costa parece pretender cortejar com o propósito de «realizar as suas ambições para um papel político de relevo em Bruxelas», especula o Wall Street Journal que lhe dedica um artigo («Germany Won’t Take Portugal’s EU Split». Deixar cair os princípios para apostar no cavalo errado, significa que, além da já conhecida falta deles, também não mostra a "habilidade" que lhe têm atribuído.

«Os portugueses não perdoam oportunismos»? Olhe que sim Dr. Costa. Olhe que sim

O Dr. Costa não perdoa aos berloquistas - na circunstância por terem votado contra o OE2021 - e imagina que os portugueses também não. Está completamente equivocado. A ser assim, não se compreenderia que ainda há pouco dias só 27% dos portugueses ainda não perdoaram ao Dr. Costa ter perdido as eleições e formar governo com aqueles a quem acusa agora de oportunismo.

Quem se mete com o PS leva

O chef Stanisic, residindo há anos no Portugal dos Pequeninos, ainda não percebeu como as coisas funcionam. Em lugar de se aproximar do PS, manifesta-se em S. Bento; em lugar de oferecer aos apparatchiks refeições de sensibilização na sua cantina, vocifera e compara o Dr. Costa a Slobodan Milošević - o que é menos disparatado do que parece, afinal Slobodan foi líder do Partido Socialista da Sérvia; em lugar de recorrer a um apparatchik sensibilizado para o deixaram ir a Grândola visitar a irmã, foi telefonar a um amigo que tem um irmão polícia. É claro que foram logo vistoriar-lhe as cuecas e descobrir que o chef Stanisic é um crápula com uma vida faustosa. Do que estaria ele à espera?

O passado atropela o Dr. Costa

O Dr. Costa que agora tenta sacudir do seu capote a água do Novo Banco, é o mesmo que em 2017 anunciou com espavento que «não é concedida qualquer garantia por parte do Estado ou de qualquer outra entidade pública» e garantiu que a venda «não terá impacto direto ou indireto nas contas públicas, nem novos encargos para os contribuintes».

TAP, uma companhia de bandeira socialista

Estou enganado ou o Dr. Pedro Nuno Santos justificou o governo ter readquirido a maioria do capital da TAP para defender várias coisas e entre elas proteger os empregos? Deve ser para isso que vai suspender o acordo de empresa e despedir dois mil trabalhadores e reduzir em 25% os salários dos que ficam. Enquanto isso, em Março foi anunciado que seriam necessários 400 milhões de euros, pouco depois aumentados sucessivamente para 600 a 700 milhões, 700 a 900 milhões, 1.200 milhões e 1.700 milhões. Por último, os sindicatos começaram, a falar de 4 mil milhões. É, uma vez mais, o multiplicador keynesiano socialista a funcionar.

O Paddy é quase da família

Depois de lhe terem perdoado a redução do pagamento de 11 milhões permitida pelas cláusulas do contrato por força das contingências da pandemia, o Paddy agradeceu anunciando que no próximo ano vai levar o circo ao Japão, Brasil e Malásia.

Aleluia! S. Ex.ª acordou da sua letargia pré-eleitoral

E, não obstante o «sentido patriótico» do Dr. Rui Rio o ter levado a mandar os seus empregados no parlamento viabilizar o Código dos Contratos Públicos, permitindo ao governo adjudicar a quem muito bem entenda com ou sem concurso público, S. Ex.ª lá vetou o diploma, talvez sentindo a fraqueza do governo ou percebendo que já não vai ter mais votos do que Soares.

Cuidando da freguesia eleitoral

Aumentar o salário mínimo de 150 mil funcionários públicos com a economia afundada e o Estado falido, mostra bem o desvelo do Dr. Costa pela sua freguesia. E o que dizer a abrir mais de 800 "vagas" para polícias? num país que dispõe de uma polícia 36% mais bem equipada do que a média europeia.

Não há vida para além do orçamento

Como poderia haver se «para garantir a aprovação do OE, o governo negociou com o PCP um conjunto de contrapartidas, na casa dos mil milhões de Euros, para satisfazer as clientelas comunistas».

Estado Sucial como máquina de extorsão

Dizem os detractores que o governo socialista põe tudo a descer, mas não é verdade. Segundo os números da OCDE, enquanto a carga fiscal média dos países membros desce, a portuguesa vem subindo sucessivamente de 29,9% em 2009 até 34,8% em 2018, recorde que se mantém em 2019.

«Estamos preparados»

A ministra do SNS garantiu que a vacina Covid estaria disponível em Janeiro e que o risco do SNS não estar preparado era «zero». Claro que é zero, pois se quem vai administrar a vacina Covid serão os mesmos centros de saúde que fizeram da administração da vacina contra a gripe um verdadeiro fiasco. Questionado por S. Ex.ª, o Infarmed diz que em Fevereiro ainda não haverão vacinas para todos os grupos prioritários.

Alguém sabe o que é feito do ventilador português anunciado para ser exportado e que não chegou sequer a ser certificado para os hospitais portugueses?

E o que dizer à estimativa do Conselho Nacional de Saúde do número de pessoas já infectadas ser entre 1,5 e 2 milhões? Se for assim, nesse caso, com cerca de 5 mil mortos até ontem, a taxa de letalidade seria entre 0,35% e 0,33% ou seja praticamente a mesma da gripe comum. De onde, a ser assim, para quê a histeria colectiva que S. Ex.ª e o governo têm induzido nas mentes da população?

O choque da realidade com a Boa Nova

Anunciado mais uma vez em Setembro o arranque próximo de um banco de fomento, aprovado em Agosto pela CE, que em Junho foi anunciado para as «próximas semanas», sucedendo a um banco de fomento que fora privatizado por um governo PS, tinha ressuscitado há três anos e segundo o mesmo ministro já estava criado em Janeiro. Foi agora anunciado em Novembro o seu nascimento «sem estrutura e sem nova gestão» e «sem financiamento assegurado». Em Dezembro sabe-se que está tudo na mesma. Na mesma? Não, agora tem um site. Nasceu um novo blogue.

«Queda monumental»

O turismo, cujo vento durante 5 anos enfunou as velas que o Dr. Costa dizia terem sido enfunadas pelos seus sopros, caiu em Outubro 59% em número de hóspedes, face ao ano passado. Segundo a OIT os salários no 2.º trimestre diminuíram em média 13,5%, mais do dobro da média europeia. O governo estima uma queda este ano de 8,5% do PIB, optimista face à estimativa do Forum para a Competitividade que prevê 8% a 10%. E a Fitch prevê «uma deterioração aguda a partir de 2021» dos activos bancários devido às moratórias que atingem um rácio recorde.

Se a economia afunda não será por culpa do jornalismo de causas...

Enquanto tudo se afunda, a boa imprensa faz títulos enternecedores, como «Desemprego em Portugal abaixo da média da UE pela primeira vez desde maio» ou «Economia confirma recuperação de 13,3% no Verão», ou insinua a responsabilidade pelos milhões pagos a banca pelos swaps negociados pelo governo de Sócrates ser de Maria Luís Albuquerque que tentou minimizar o desastre.

... ou será por culpa da OCDE?

Se o governo prevê o aumento do PIB no próximo ano em 5,4%, a OCDE, feita desmancha-prazeres, estima no Economic Outlook que será 1,7%, três vezes menos e antecipa o aumento do desemprego para 9,5%. Entre 27 países membros, Portugal será o terceiro país a cair mais este ano (outros dois são a Grécia e a Espanha, who else?).

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Por tudo isso, só por milagre a dívida pública não continuaria a bater recordes e, não havendo milagres, lá bateu mais um, atingindo 268,1 mil milhões. Entretanto, o IGCP, que gere a dívida e é por isso a instituição mais importante em Portugal, emitiu 1,4 mil milhões de OT com maturidades em 2028 e 2029 para comprar dívida com maturidades em 2021 e 2022, chutando assim a bola para frente, a grande especialidade do Portugal dos Pequeninos.

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