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25/07/2019

What it takes to the whatever it takes?

Com o «whatever it takes» de Mario Draghi há seis anos e as medidas que se seguiram como as TLTRO (operações de financiamento de médio longo prazo), as reduções sucessivas da taxa directora e o programa de aquisição de ABS (asset backed securities) emitidos por empresas privadas não financeiras e um programa de compra de covered bonds emitidas por entidades financeiras, o BCE salvou o Euro da desintegração

Foi uma medida equivalente à de um médico administrar uma dose de morfina a um paciente com fracturas múltiplas que caiu de um quinto andar. Passados seis anos, a continuação dessas medidas equivale ao paciente continuar a receber a sua injecção diária sem a qual já não consegue viver.

Não será por acaso que, com excepção da Irlanda e de Malta, por razões muito particulares, os países que mais cresceram nos últimos 10 anos estão todos fora da Zona Euro. No caso de Portugal, com uma taxa de poupança que é um terço da média da Zona Euro, taxas de juro próximas de zero são um incentivo irresistível a manter um dos mais elevados endividamentos públicos e privados da União Europeia e do mundo.

Não admira por isso que uma das boas novas regularmente anunciadas seja a dos leilões de dívida pública a taxas baixas, o que funciona como uma espécie de garantia de que tudo continuará na mesma. As consequências a longo prazo são bem conhecidas. Basta olhar para os últimos trinta anos com um crescimento anémico que nos deixa mais pobres em termos relativos e um endividamento cada vez mais pesado.

[Para aprofundar o tema: leiam-se os posts «Too big to fail» - another financial volcanic eruption in the making (1) e (2) e «Da próxima vez também não vai ser diferente» e a série« QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará?»]

Adenda: escrito a propósito da anunciada conferência de imprensa do BCE onde o pior que podia acontecer seria Draghi anunciar mais do mesmo. Agora que terminou, sabemos que aconteceu isso mesmo, mais do mesmo: uma provável descida dos juros e um novo programa de compra de ativos. Veja-se o vídeo da conferência.

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