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05/07/2019

A fábula do crescimento ou os perigos da Felicidade Nacional Bruta

No post «A direita a que temos direito não tem ideias, tem elucubrações poéticas» dei umas pauladas simbólicas no toutiço de duas luminárias, o dirigente do PSD Pedro Duarte e a líder do CDS Assunção Cristas, pelos seus delírios a respeito da medida da felicidade em alternativa à medida da produção pelo PIB. Por distracção, nem falei do absurdo que é querer substituir a métrica de um fluxo (o PIB) pela métrica de um stock (a Felicidade).

Volto a este tema um pouco idiota, apenas para exemplificar o risco que mencionei de usar a «Felicidade Interna Bruta» para vigarizar as «contas». 

Desde 2011 até 2017 os números oficiais do governo indiano mostraram um crescimento anual ao redor dos 7%, ultrapassando a China como a grande economia que mais crescia. Arvind Subramaniam, durante vários anos o assessor económico principal do governo indiano, que já há dois anos tinha implicitamente sugerido que a contabilidade nacional tinha sido objecto de engenharia estatística por razões políticas (ofuscar a China) e económicas (atrair investimento estrangeiro), publicou recentemente um paper pela universidade de Harvard onde mostra que o crescimento não poderia ter ultrapassado os 4,5%. (Fonte: um artigo da Economist sugestivamente intitulado The Indian Growth Fable

Podemos imaginar o que teria feito Narandra Modi na corrida da «Felicidade Nacional Bruta» com Xi Jinping. 

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