O coronel Luís Vieira, ex-diretor da Polícia Judiciária Militar, declarou ontem na comissão parlamentar de inquérito ao caso de Tancos que Marcelo Rebelo de Sousa lhe garantiu «na presença de muitos oficiais» que iria falar com a PGR Joana Marques Vidal sobre a atribuição da investigação à Polícia Judiciária - o que seria inconstitucional por violar a separação de poderes. Uma nota da presidência da República redigida de forma oblíqua nega implicitamente a declaração do militar. (fonte)
Ou o militar está a mentir frontalmente ou o Senhor Presidente da República está a mentir implicitamente. Em quem acreditar?
Podemos acreditar no Marcelo que «só se Cristo descer à terra» se candidataria a líder do PSD; ou o que garantiu ter havido um jantar, que nunca existiu, com vichyssoise de entrada; ou o que garantiu a Isabel II que, com oito anos de idade, filho de um ministro de Salazar, estava na primeira fila da plebe que na Praça do Comércio a viu passar na visita a Lisboa em 1957 e que voltou a encontrar-se com ela em 1985 como «líder da oposição». A mesma criatura a quem o «Presidente da República Federativa do Brasil, (...) pediu para ser recebido» mas não apareceu. A mesma que em pleno incêndio de Pedrógão Grande garantiu que «tudo está a ser feito com critério e organização», para poucos dias depois garantir que se iria «apurar tudo, mas mesmo tudo, o que houver a apurar». Ou pode ser ainda a mesma criatura que depois de ter minimizado o desaparecimento de munições em Tancos, veio dias depois defender «uma investigação que apure tudo, factos e responsabilidades». Ou a mesma criatura que garantiu «não faço comentários sobre os meus antecessores» enquanto comentava o que Cavaco Silva, seu antecessor em Belém, disse enaltecendo a ausência de verborreia de Macron, chapéu que Marcelo enfiou pressurosamente na cabeça.
Poder, podemos, mas exige muita fé.
2 comentários:
E como adjectivar uma população que, maioritariamente, se revê nesse pequeno crápula?...
Acha mesmo que se revê ?
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