Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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27/04/2019

O Redondo Vocábulo, o contraponto a um 25 de Abril impertinente

Aqui no (Im)pertinências somos fanáticos do pluralismo e, por isso, em contraponto a este nosso post reaccionário, derrotista, hipercrítico, super-pessimista, acolhemos a peça progressista, visionária, laudatória, antecipatória dos amanhãs que cantam, do jornalista Valdemar Cruz no Expresso Curto, a newsletter do semanário de reverência.

O Redondo Vocábulo

«Abril. Os equívocos e ditames do novo Acordo Ortográfico apoucaram-lhe a ortografia. Não lhe diminuíram a grandeza. Abril. Em abril nos queremos. Em abril nos vemos. Em abril nos revemos. Abril não é sonho, nem utopia. Abril não é um estado de espírito. E, ainda assim, não há abril sem a dimensão do sonho. Não há abril sem o desejo de utopia. Não há abril sem esse imenso e solidário espírito de entrega. De dádiva. Abril não é um estado de exceção. É uma forma de ser. E de estar. É a normalidade adquirida de um país reencontrado com um povo sedento de liberdade. A ansiar democracia.

Abril é um estado em construção. Não é um ponto de chegada. É tão só um início de viagem. Cada um terá o seu próprio abril. Cada um esboçará a sua própria representação de abril. Cada um terá as suas próprias frustrações. A cada um as suas muito particulares revoltas e devoções. Pelo abril que (não) se cumpriu. Em cada rosto se idealiza um percurso. Em cada rosto se narra uma história. Em cada história se desvenda um mundo. São muitos e infinitos os mundos de abril. Às vezes contraditórios. Às vezes incompatíveis. Às vezes conflituais.

Em cada instante abril nasce de novo. Reformula-se. Reequaciona-se. Interpela-nos. Desafia-nos. Abala certezas adquiridas. Questiona verdades tidas por intocáveis. Absolutas. Essa a grandeza de uma data. Essa a glória derramada pela memória do tempo vivido e construído. Em abril. Por abril. E pelo abril sem o qual jamais seríamos o país que somos. Com todas as suas fragilidades. Com todas as suas grandezas. 25 de Abril foi ontem. 25 de Abril é hoje. 25 de Abril será sempre. Se soubermos lutar. Se o soubermos defender. Se o soubermos preservar . Se o soubermos continuar.

Liberto. Sem amarras. Sem donos. Abril é o absoluto e redondo vocábulo

Depois deste banho de ilusionismo utópico, talvez convenha regressar ao mundo real com uma citação do artigo «25A: viver no passado, evitar o presente, fugir do futuro» do "estrangeirado" Nuno Garoupa:
«Sejamos sinceros. As coisas são assim porque os eleitores gostam, a sociedade civil não existe e a comunicação social demitiu-se de escrutinar o regime.»

4 comentários:

Bilder disse...

«Sejamos sinceros. As coisas são assim porque os eleitores gostam, a sociedade civil não existe e a comunicação social demitiu-se de escrutinar o regime.»------------------e ainda pior,a "maioria silenciosa" já não é maioria(para satisfação dos "modernaços progressistas" que continuam a bater palmas ao abismo colectivo que fomentam em nome dos tais "amanhãs cantantes" sem muros,e não estou a falar do muro chinês concerteza).

Anónimo disse...

O engraçado é que nos anos de 1960 uma pêssega francesa cantava um 'Avril au portugal'; era plágio de Coimbra é uma canção... Como as 'elites' sempre foram do nível que continuam a ser, um pateta do turismo logo fez mote para enganar turista vendendo que se devia vir a esta terra em Abril. Era música. Apanhavam cada carga de água...
Abril sempre! Com chapéu de chuva e umas canecas. Já agora, comecem a cortar a barba e aparar as patilhas. Já mos chegou os mil e tares.

Ricardo disse...

Por falar em muro chinês(mencionado pelo Bilder)ainda não ouvi o presidente de todos os comentadores(que,ironia das ironias, anda por lá mais aquela aventesma dos "negócios estrangeirados",os dois que mais o do pantano da onu andam a pedir o fim dos muros) falar sobre mandar abaixo o tal muro(tambem não falou de mandar abaixo o muro lá no vaticano quando foi beijar a mão ao dito Chico).

Carlos Conde disse...

Conversas da treta no pasquim Expresso.

Estes manipuladores de palavras alinham umas frases que fazem chorar as pedras da calçada, forçam rimas de "solidário" com "Abril" e "liberdade" com "a puta que os pariu".

Que problema existe com os restantes meses do calendário?

1 mês por ano escrevem estas baboseiras e 12 meses por ano comportam-se como na realidade são: uns fdp.