Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

24/07/2018

CASE STUDY: Consequências indesejadas das políticas de affirmative action (2)

Este é um tema já tratado várias vezes no (Im)pertinências, por exemplo:
Há um ano citei aqui um estudo do NYT com o título que é uma síntese: Even With Affirmative Action, Blacks and Hispanics Are More Underrepresented at Top Colleges Than 35 Years Ago». O estudo mostra que em consequência da affirmative action a representação dos negros e dos hispânicos diminuiu no conjunto e em especial nas admissões às faculdades e universidades «altamente selectivas», apesar de ter aumentado nas «menos selectivas». Ou seja, a discriminação chamada positiva teve efeitos pelo menos parcialmente negativos contrários aos seus propósitos.

A minha conclusão de então foi que os problemas de desigualdade não se resolvem com a engenharia social baseada em ciências ocultas e na vulgata do politicamente correcto.


Mais recentemente, no mês passado, num artigo com um título que é também uma síntese (Affirmative dissatisfaction), a Economist, deu conta da controvérsia à volta das práticas selectivas de Harvard que a organização Students for Fair Admissions (SFFA) contestou por evidenciarem discriminação contra os estudantes de origem asiática. O diagrama acima, que sumariza os resultados do estudo promovido pela SFFA, confirma a tese que os asiáticos são discriminados negativamente nas admissões a Harvard

Mas não só os asiáticos são discriminados. Veja-se que dos dez por cento dos melhores alunos de cada uma das etnias, só cerca de 15% dos asiáticos, cerca de 20% dos brancos e cerca de 35% dos latinos são admitidos contra quase 60% dos negros - a quem o politicamente correcto chama afro-americanos, designação estúpida porque os magrebinos não são negros e podem ser afro-americanos.

À conclusão de que os problemas de desigualdade não se resolvem com a engenharia social baseada em ciências ocultas e na vulgata do politicamente correcto adiciono outra conclusão: essa engenharia social pode acrescentar novas desigualdades às desigualdades existentes e, por certo cria novas injustiças.

1 comentário:

Unknown disse...

E há quem continue à procura de causas objectivas para o imparável declínio dos EUA...
Nem com a foto de Singapura...em que o protagonista simplesmente não está...