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15/09/2010

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: A situação é grave mas não é desesperada

Secção Padre Anchieta

Mais uma vez, numa conferência qualquer sobre os republicanos, Mário Soares mostrou ser um homem de fé inabalável, mesmo na «situação actual (que) é grave». Fé na República com Maiúscula: «a República tem valido a pena sob todos os aspectos, incluindo a ética». Fé na luta: «nós temos de lutar e não estarmos sempre a dizer que queremos isto e que queremos aquilo». Fé sim, mas inspirada pelo realismo: «é preciso também saber de onde é que ele (o dinheiro) vem. Não basta pedir e descer uma avenida a gritar para julgar que o dinheiro vai cair, pois não vai».

Dito isto, vamos aos prémios. Em primeiro lugar, cinco merecidos bourbons como prémio de carreira. Três afonsos pela fé na luta e cinco chateaubriands pela fé na ética republicana depois de um século de incompetência, falta de integridade e de escrúpulos de gerações de soi-disants republicanos. Outros cinco chateaubriands (o que faz dez, no máximo de cinco, mas ele merece) por não nos ter iluminado que luta devemos travar e qual o sítio de onde permitirá extrair a tão necessário grana. No passado, o dinheiro veio do Brasil, das outras colónias, dos emigrantes e por último de Bruxelas, fontes todas elas exauridas. Por isso, os cidadãos da República ficariam ainda mais gratos a Mário Soares se, com a sua infinita sabedoria, ele se dignasse sugerir a quem nesta aflição devemos implorar a tença.

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