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08/07/2011

Mitos (47) – as teorias da conspiração sobre as agências de rating (II)

[Continuação de (I)]

Usando as mesmas palavras de Santos Ferreira, insinuando a habitual tese conspiratória aplicada à Moody’s, «começo a acreditar que não se deve apenas à incompetência» o que diz a nossa banca do regime a propósito do downgrade da dívida portuguesa. Designadamente, o pensamento do decano dessa banca e presidente do BES ao brindar-nos com esta pérola do pensamento financeiro em linguagem naval:
«Foi mais um tiro certeiro no 'navio Portugal' da 'frota europeia' na guerra que se está a travar entre o dólar e o euro
Infelizmente para a reputação de Ricardo Salgado como banqueiro, a sua tese conspiratória não encontra suporte na realidade, a menos que ele quisesse concluir que, na «guerra que se está a travar entre o dólar e o euro», as agências estão do lado do euro. De facto, dando de barato as notações serem fabricadas para atacar o euro como divisa, significando enfraquecê-lo, isto é desvalorizando-o, o resultado é o inverso. É o dólar que se tem desvalorizado face ao euro, como se pode ver neste gráfico do BCE.


Se ainda não tivesse caído por terra, esta tese conspiratória do banqueiro do regime ruiria com estrondo quando se compara a evolução dos Credit Default Swaps (CDS) das OT portuguesas, o seguro de crédito da dívida pública, com as notações da Moody’s. Reflectindo as cotações dos CDS a percepção do mercado do risco de incumprimento, o que se assiste é ser a notação da Moody’s influenciada pela percepção de risco do mercado e não o contrário. Como aqui constatou o Insurgente, «o rating da Moody’s anda meio a “reboque” do valor dos CDS transaccionados no mercado».

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