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18/05/2004

DIÁRIO DE BORDO: Porque somos atraídos pela autodestruição?

Recebi por email o vídeo da decapitação do civil americano Nick Berg por um grupo de terroristas paranóicos aos gritos de Allahu akbar (deus é grande) uivando de alegria durante a matança. Não creio que seja anormalmente sensível, mas não consegui jantar.

O vídeo parece ter sido geralmente bem acolhido pela «opinião pública islâmica» e aplaudido pelos elementos mais radicais. No mundo ocidental, fora dos EU, não se conhecem reacções de grande repúdio. Pelo contrário, e fico por aqui.

As fotos dos abusos da tropa americana sobre alguns presos chocaram talvez mais as opiniões públicas ocidentais do que o mundo islâmico, para quem estes abusos devem parecer benignidades do tirano de serviço num dia em que acordou excepcionalmente bem-disposto. Já nem comento o coro sem vergonha da esquerdalhada que silencia há séculos os maiores crimes em nome das suas «causas».

Certamente muitos responsáveis irão ser punidos. Donald Rumsfeld pode ter o apoio público de George Bush, mas dificilmente se manterá como secretário da Defesa, se Bush for reeleito. Bush poderá ter perdido aqui as eleições. A opinião pública americana não tolerará outros casos no futuro.

Já se sabe, desde sexta-feira, que são falsas as fotos publicadas pelo Daily Mirror sobre as alegadas torturas pelo exército britânico, fabricadas num exercício de puro masoquismo e publicadas a cavalo do sensacionalismo ou do jornalismo com «causas».

Que monstros gerou a nossa civilização no seu ventre por masoquismo e auto-flagelação? Porquê as nossas sociedades dão guarida e alimentam o vírus da sua destruição? Que elites farisaicas mordem as mãos que as alimentam e lambem as mãos dos que as exterminariam na primeira oportunidade? O que pode levar pessoas instruídas a praticarem o relativismo moral e a adoptarem o multiculturalismo de pacotilha para justificar a insanidade de práticas religiosas e sociais que são a negação dos valores que dizem defender?

E no Islão? Quem condena a decapitação, a chacina, o terrorismo, o genocídio? Quem combate o fanatismo e a intolerância? Não se ouvem as vozes da discordância ou da censura.

Talvez as nossas almas mais sensíveis devessem dedicar um módico do seu tempo a este pequeno mistério.

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