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23/05/2004

ESTÓRIAS E MORAIS / SHORT STORIES AND BIG MORAL: L'exception française.

Summary for the sake of
«Les intermitents du spectacle» are a sort of workers encompassing opera singers, Louvre museum porters, theatre electricians and all that jazz, to whom l’État Français allows several prerogatives, such as a special unemployment allowance. All these benefits in the name, I guess, of La Culture Française. Intermitents were invented after May '68 and since then their number increased to more than 100,000 souls.

They took profit of Cannes movies festival to boost their fighting for their privileges. For that they had the support of a famous French American couple of leftists – Messrs José Bové and Michael Moore.
[By the way, Mr. Moore won la Palme d’Or with his pamphlet «Fahrenheit 9/11»]

Once again the leftist flock is more concerned with the benefits and vested rights of privileged folks than with the ones they claim loudly to care of.


Estória
Os «intermitentes» são os trabalhadores franceses da cultura, que vão desde o barítono até à telefonista da Ópera ou ao porteiro do Louvre, e que na última contagem eram uma legião - nada menos de 100 mil, sempre a aumentar desde a criação da legião que remonta às sequelas do Maio 68. Imaginemos o que faria o nosso Professor Carrilho com esta mão-de-obra? Ficaria como o Jacques Lang, só que mais novo.

A legião dos intermitentes disfruta de mordomias únicas, que foram no ano passado reduzidas, como o direito ao subsídio de desemoprego com apenas 507 horas trabalhadas em 10 meses e meio (antes 12 meses) - umas míseras 12 horas por semana.

Não admira por isso que a legião se tenha revoltado, ameaçado fazer greve e mandar às urtigas a cultura francesa. Uma vez mais, desde que há um ano o governo lhes limitou as mordomias e, desta vez, durante o festival de Cannes, com o incontornável apoio da dupla José Bové-Michael Moore.

[O panfleto «Fahrenheit 9/11» de Moore ganhou a Palme d'or - só podia ser, com um título a la Truffaut que é uma lambidela no empertigado ego francês].

Moral
Com arte e engano vivo metade do ano, e com engano e arte, a outra parte (ditado popular)

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