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23/08/2023

França, povo notável, pessoas nem por isso


Como se pode ver no quadro acima, a situação da França é em seis domínios críticos melhor do que a média dos maiores países europeus e até, em quatro dos seis melhor do que os Estados Unidos, ou até muitíssimo melhor num deles, graças à utilização intensiva da energia eléctrica de origem nuclear. À primeira vista é surpreendente para quem, como eu, não tem acompanhado de perto a França nos últimos anos, ao contrário do passado, e vai tendo conhecimento muito através das manchetes dos mídia.

E essas manchetes têm salientado as consequências da contestação e da revolta muitas vezes violenta contra as instituições, característica de um povo individualista com significativa distância ao poder, como mostraram os estudos do antropologista holandês Geert Hofsted. Um povo de quem Sarah Afonso, pintora e mulher de Almada Negreiros, que viveu e trabalhou alguns anos em Paris, disse à sua nora (*) serem o contrário dos portugueses, porque sendo notáveis como povo não são grande coisa como pessoas. Sarah Afonso poderia também ter dito que, ao contrário dos portugueses, os franceses têm elites de grande qualidade (quoique trop dirigistes) e é aqui que está o busílis. 

(*) Citado de memória de Conversas com Sarah Affonso (1982), de Maria José de Almada Negreiros

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