Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

20/08/2023

DIÁRIO DE BORDO: Não é muito exagerado dizer que no Portugal dos Pequeninos sem amigos não se vai a lado nenhum

Por cá, sem amigos não se vai a lado nenhum é o mantra de um dos meus amigos que ele regularmente ilustra recorrendo aos seus conhecidos para resolver as dificuldades que o nepotismo, a burocracia, o preconceito, a discriminação, o desleixo e a incompetência criam. 

Nisso, o meu amigo não é original e apenas reproduz a resposta pragmática e eticamente complacente às consequências práticas de um princípio que muitos adoptaram e poucos reconheceram, como antigos presidentes, o peruano Oscar Benavides e o brasileiro Getúlio Vargas («Para os amigos, tudo. Para os inimigos, a lei»), ou numa versão mais apurada («Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei») atribuída a uma eminência luso-socialista, todos eles aparentemente inspirados em Maquiavel.

É por esse princípio orientador impregnar tão profundamente as práticas sociais e políticas no Portugal dos Pequeninos que o PS, partido que mais autenticamente adoptou esse princípio rebaptizando-o como «ética republicana», é o partido naturalmente destinado a governar. Daí não resulta ser inevitável que o PS governe - no domínio político-social não há inevitabilidades ou pelo menos não há inevitabilidades duradouras. Apenas é bastante mais difícil outro partido sem esse princípio ter condições de governar, tal como sem amigos se pode ir a muitos lados, porém com muito maior esforço.

2 comentários:

Afonso de Portugal disse...

O "amiguismo" é, sem dúvida, uma componente fortíssima do fenómeno da eternização do PS no poder.

Mas há pelo outras duas, tão ou mais importantes:

1. O fenómeno da dependência do Estado, que leva a que centenas de milhares de eleitores fiquem cativos do PS devido ao medo de perderem o subsídio ou a reforma.

2. O fenómeno do voto imigrante, que vai tendo um impacto cada vez mais significativo nos resultados eleitorais à medida que o número de imigrantes naturalizados vai crescendo. Não é por acaso que nem Marcelo, nem Costa estão dispostos a divulgar estatísticas do voto imigrante. Nos países em que essas estatísticas existem, como por exemplo os EUA, observa-se que as "minorias" votam maioritariamente nos partidos de Esquerda. Quantos dos 2,3 milhões de votos que o PS teve nas últimas legislativas já serão de "novos portugueses"?

Notar ainda que o fenómeno (2) leva ao aumento inevitável do fenómeno (1). Não é por acaso que os neomarixstas da década de 1960 consideram os imigrantes como o "novo proletariado".


---------------------------------------
AfonsodePortugal@YouTube

Figueiredo disse...

O regime liberal/maçónico imposto pelo golpe de Estado da OTAN em 25 de Abril de 1974, caracteriza-se precisamente pela cunha/tráfico de influências.

Em Portugal pós 25ABR74 quem não tiver cunha de uma seita política/religiosa, de familiares, ou amigos, não arranja trabalho seja em que área for, situação essa que se tem vindo a agravar desde 2008 mas principalmente desde 2012.

Deixo-lhe somente um reparo, aquilo que o Partido Socialista (PS) pratica - assim como todos os outros e actuais Partidos com ou sem assento Parlamentar - não é «...ética republicana...» como referiu mas sim ética liberal, e o resultado é o que se vê, crime, corrupção, desonestidade, roubo, e mediocridade.