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11/02/2014

Pro memoria (159) – Os credores parecem acreditar cada vez mais, mas ainda não o suficiente (II)

Poderia poupar a tinta e fazer um link para este post do dia 16 de Janeiro - o que então escrevi continua substancialmente válido.

A emissão de hoje de 3 mil milhões de euros de OT a 10 anos teve uma procura de quase 9 mil milhões a uma taxa de juro implícita nos 5,1% (spread de crédito de 320 pontos base). Comparativamente a emissão de Março do ano passado teve uma taxa de 5,6%.

A yield da maturidade de 10 anos está nos mercados abaixo dos 5%.

Fonte: Bloomberg
São boas notícias? Certamente, mas, como já o mês passado escrevi, se medirmos a credibilidade pelos yields, hoje os credores, isto é os especuladores que nos emprestam dinheiro para nós continuarmos com a loja aberta, acreditam neste governo mais ou menos o mesmo que acreditavam no governo chefiado por José Sócrates com as Finanças entregues a Teixeira dos Santos por volta de Abril de 2010.

Eu, que não tenho quaisquer responsabilidades na dívida (antes da intervenção da troika nada devia aos bancos ou a quem quer que seja), posso dar-me ao luxo de escrever estas coisas. Teixeira dos Santos, que colocou para si próprio o limiar da taxa sustentável em 7% e deveria ficar calado rezando ave-marias para que não lhe peçam responsabilidades, não tem autoridade para dizer que «precisamos de taxas mais baixas que esta para assegurar condições de sustentabilidade da dívida», da dívida que ele nos deixou.

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