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14/02/2014

ARTIGO DEFUNTO: A arte de bem titular (4)

Suponha-se que um ex-deputado de um partido que faz parte de uma coligação que governa um país é suspeito de prática de pornografia infantil. Como titular tal notícia face aos princípios do jornalismo de causas? Resposta: depende. De quê? Do partido do suspeito. Exemplos:

  • Suspeito é do partido de esquerda numa coligação - «Fulano é suspeito de pornografia infantil»;
  • Suspeito é do partido de direita numa coligação – «Escândalo de pornografia infantil afecta o Partido X» (de direita).

E também depende do país. Exemplos:

  • País arruinado pelas políticas de esquerda – aplicam-se os exemplos anteriores;
  • Outros países:
    • Suspeito é do partido de esquerda numa coligação - «Fulano é suspeito de pornografia infantil»;
    • Suspeito é do partido de direita numa coligação – «Escândalo de pornografia infantil afecta o governo de A (país em causa) / de Sicrano» (o primeiro-ministro de direita).

Baseado nestas regras, recapitulemos as diferentes titulações (não confundir com titilações) face à seguinte notícia: «O ex-deputado social-democrata Sebastian Edathy está debaixo de suspeita de ter comprado imagens ilegais de menores».


Como se vê é fácil. E assim gente incompetente e sem escrúpulos molda as meninges de um povo mal instruído e mal informado. Tudo por boas causas, claro.

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