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11/04/2007

CASE STUDY: porque são os políticos tão generosos com os juizes?

Hoje recebi por email uma daquelas convocatórias-fantasma para uma maninfestação de «luto pela morte da dignidade dos políticos» nos dias 22 e 23 de Maio, convidando o «todos ao saírem de casa vistam camisas/blusas pretas, e se você não tem, amarre um lenço preto no pescoço ou braço»

A coisa tresanda a farsa e alguns pequenos pormenores mostram que não passa duma adaptação dum panfleto brasileiro: repassem, contatos, janela 'de' sua casa, estamos propondo, todos ao saírem, «DEMONSTRE 'sua' indignação». A coisa confirma-se quando se abre o «Document Summary» do pdf e lê o título (ISTO AI) e o autor (Vinicius).

Se o texto do panfleto soa a falso, os factos de indignação são bem reais e conferem com a realidade portuguesa. A começar pela longa lista de juizes que foram reformados em 2005 com pensões acima de 5.000 euros, e a continuar com as mordomias dos deputados, chegando a vez do ex-vereador socialista Vasco Franco, reformado com uns vigorosos 50 anos e vários milhares de euros de pensão.

Pormenor curioso, no topo das listas dos aposentados da CGA aparecem juizes, uma vez mais, o que só pode dever-se ao facto de terem um generoso último vencimento, porque é nessa base que a pensão é (ainda) determinada.

Como julgo que não são os próprios a decidirem qual a sua tabela salarial, que aliás, creio, é diferente da do resto dos utentes da vaca marsupial pública (outra originalidade), estas generosas pensões só podem dever-se à reiterada generosidade dos vários governos das últimas décadas.

Chegados a este ponto, logo hoje que o primeiro ministro vai falar à nação sobre os seus atribulados títulos académicos, torna-se incontornável uma pergunta inspirada em mais uma teoria da conspiração: porque são os políticos tão generosos com os juizes?

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