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24/04/2007

CASE STUDY: o que há de singular no massacre de Virginia Tech?

É possível um estudante paranóico entrar numa universidade portuguesa com a caçadeira do pai e atirar sobre umas dezenas de pessoas e matar umas quantas? É possível. Afinal são observáveis paranóicos nas universidades portuguesas e há por aí 4 ou 5 milhões de caçadores, muitos deles com várias caçadeiras. Desses milhões, algumas centenas de milhar são pais de estudantes universitários, alguns deles paranóicos. Também há alguns pais com Kalashnikovs no sótão, mas não vou por aí.

É pois apenas uma questão de probabilidades. Qualquer uma das maiores universidades americanas têm tantos estudantes quanto todas as portuguesas. Uma pequena escola como o Virginia Polytechnic Institute and State University tem mais de 28 mil estudantes.

Então o que há de singular no massacre de Virginia Tech? Talvez as vítimas.

Imaginemos 32 vítimas imaginárias dum paranóico imaginário numa universidade imaginária portuguesa com 28 mil alunos. Quem seriam as vítimas? Se entre elas se encontrasse um professor de engenharia poderia ser o engenheiro António José Morais (o professor de 4 cadeiras do engenheiro Sócrates), que provavelmente teria tentado salvar o coiro escapando pela janela antes que o paranóico lhe enchesse o traseiro de chumbo. Dos alunos, 1/3 ou mais teriam uns apelidos indiciando origem social na classe A, outro terço na classe B e resto seriam constituído por uns pobretanas a fazer tempo para um emprego que nunca mais chega.

Quem foram as vítimas do massacre de Virginia Tech? Um professor de engenharia, sobrevivente do Holocausto, que se arriscou a não ser sobrevivente do massacre, que tentou salvar os alunos. Dos 32 mortos, um terço eram estrangeiros e/ou pertencentes a minorias étnicas.
[Página do Sol]

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