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22/11/2006

CASE STUDY: adira primeiro e pague depois

«Portugal foi o país da Zona Euro que perdeu mais velocidade, em termos de crescimento económico, desde que foi adoptada a moeda única em 1999. Esta é uma das conclusões que se podem retirar do relatório anual sobre a economia europeia, este ano consagrado ao balanço de oito anos de Euro.» (Público)

Gradualmente vão ficando visíveis as consequências da adopção do Euro na ausência das reformas indispensáveis para que a zona Euro pudesse ser para Portugal algo não tão infinitamente longe duma zona monetária óptima. Na falta dessas reformas e, à cabeça de todas, na falta do emagrecimento do Estado libertando recursos para a economia funcionar, Portugal ganhou uma estabilidade monetária que só serviu para tornar o crédito barato que puxou pela construção, criou uma bolha imobiliária, fez disparar as importações de bens de consumo duradouro e, last but not least, fez os salários crescerem bem mais rápido do que a produtividade.

Ganhou estabilidade monetária e perdeu o controlo sobre instrumentos de política monetária que seriam decisivos para compensar a falta de reformas e diminuir a perda de competitividade. Não fora o Euro e já teriam sido feitas, nos últimos 8 anos, 2 ou 3 desvalorizações.

É claro que é muito mais fácil entrar do que sair da zona Euro. Contudo, o Euro não deve ser visto como uma vaca sagrada e, se o governo continuar a não fazer as reformas necessárias, a saída lógica seria abandonar o Euro. Coisa que nenhum governo português jamais fará e por isso só vale a pena falar no tema para evidenciar o dilema hamletiano.

Já que se fala do Euro, recomenda-se a leitura de «An uncommon current» no Economist desta semana.

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